Serviços

Aumenta a procura por reparos e consertos no Recife

O consumidor precisou se adaptar ao momento de retração na economia

Beatriz Albuquerque
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Beatriz Albuquerque
Publicado em 03/07/2016 às 8:00
Foto: Sérgio Bernardo / JC Imagem
O consumidor precisou se adaptar ao momento de retração na economia - FOTO: Foto: Sérgio Bernardo / JC Imagem
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Do notebook ao salto quebrado, tudo foi parar nas lojas de consertos no período de crise. Com o poder de compra reduzido, os consumidores estão realizando reparos nos bens que já possuem para economizar. De acordo com a Associação Brasileira de Autorizadas em Eletroeletrônicos (Abrasa), há uma perspectiva de crescimento no número de Ordens de Serviços, que já evoluiu 28% no primeiro trimestre deste ano com relação ao mesmo período do ano passado, no que tange a realização de consertos e reparos frente ao desaquecimento de venda no varejo.

O perfil do consumidor brasileiro precisou se adaptar ao momento de retração na economia. Se antes ao quebrar a tela do celular já se procurava um novo aparelho, agora as assistências técnicas parecem ser a melhor opção. Segundo o presidente da Abrasa, Noberto Mensório, o setor de serviços está aquecido. “Por um lado se comemora o aumento da demanda, mas, por outro, se lamenta que a margem (de lucro) é pequena. Pelo menos o nosso setor está conseguindo se manter ativo, o que é uma façanha neste momento”, avalia.

Apesar do número de Ordens de Serviços já ter evoluído 28%, o faturamento das empresas cresceu apenas 3%, isso porque o valor das peças de reposição aumentaram, assim como os alugueis dos locais de atendimento. “No Recife notamos que o custo médio, com gastos como aluguel, não subiu tanto como no Sudeste e Sul do país. Mas, no Nordeste o empresário paga pela diferença de tributação do ICM, pois o produto vem de Manaus para São Paulo, onde é refaturado”, afirma.

De acordo com o levantamento realizado nas 10,4 mil assistências associadas à Abrasa, o celular é o aparelho eletrônico que lidera o ranking de consertos, seguido dos aparelhos de som, geladeiras, fogões, lavadoras de roupa e televisores. Na loja Cellpoint, localizada na Boa Vista, o número de atendimentos começou a crescer no final de 2015. “O nosso modelo de negócio precisou ser alterado. Precisamos deixar de atender parte das autorizadas para conseguir atender a demanda dos nossos clientes sem autorizada que é crescente”, afirma o diretor Gustavo Pacheco.

O número de serviços realizados pela loja teve um acréscimo de 30%, em comparação ao ano passado. “Fazer o conserto é mais econômico. Você permanece com um produto de qualidade, com garantia de três meses, e sem pagar o preço de um produto novo”, garante. O custo para contratar o serviço varia de R$60 até R$ 1.500, a depender do produto e do problema.

Na tradicional Casa Wildice, aberta há 92 anos, no bairro do Espinheiro, o número de pedidos não pára de crescer. Segundo Maria de Fátima Bezerra, terceira geração da família na gestão da loja, o número de peças consertadas neste ano é de em média 80 por dia, entre malas, bolsas e calçados. No mesmo período do ano passado, a loja atendia no máximo 50 pedidos por dia. “As pessoas estão comprando menos e estão consertando mais o que têm. Se você consertar cinco pares de calçados, gasta o equivalente a um sapato novo. Aqui nós atendemos um público de classe A que também está fazendo reparos, são sapatos com alto valor e que eles não querem perder”, explica.

A médica Riana Araújo deixou duas mochilas para consertar na oficina. Ela só descarta algum produto quando não tem mais como recuperar: “economizo mais de 50% por produto e a durabilidade é a mesma de um novo”, afirma. Com o aumento do serviço, a Casa Wildice procura novos funcionários para contratar, mas está com dificuldades de encontrar sapateiros na cidade.

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