As associações comerciais do Brasil estão tentando retomar sua liderança empresarial. O impulso veio com a crise econômica e a necessidade de discutir os temas nacionais. Hoje são 2,3 mil entidades no País, algumas bicentenárias como as do Rio de Janeiro (1809) e da Bahia (1811). Neste mês aconteceu o I Encontro das Associações Comerciais do Nordeste, em Fortaleza. O evento foi um passo para a integração entre as entidades, além de apontar perspectivas para a região.
“A situação favorável da economia nos últimos anos provocou uma certa acomodação nas associações comerciais do País. Mas a crise trouxe de volta a necessidade de discutir as questões nacionais e isso ganha força com a participação das entidades, ao invés de partir de movimentos isolados dos empresários”, diz Nelcy Campos, que está há 14 anos na diretoria da Associação Comercial de Pernambuco (ACP) e desde janeiro na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio).
As associações querem aproveitar sua liderança e credibilidade para debater grandes temas como economia, saúde, educação, meio ambiente e infraestrutura. A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), por exemplo, entregou na última terça-feira a Carta do Rio. O documento é resultado do 3º Fórum Nacional CACB Mil e será entregue ao presidente Michel Temer. O evento, que reuniu mais de mil empresários, discutiu a necessidade de não arrefecer mais na responsabilidade fiscal e manifestou apoio à PEC do teto dos gastos públicos (que limita o valor à inflação do ano anterior).
NORDESTE
“O evento contou com a participação da presidente do BNDES, Maria Sílvia Bastos Marques, e defendemos que o banco potencialize os investimentos no Nordeste, em três principais linhas que seriam turismo, tecnologia e infraestrutura. A região tem muito potencial nessas três áreas e pode avançar com mais investimentos”, defende Nelcy. O contador e especialista em Ciência Política também destaca que as associações comerciais são a casa do empresário, independente do setor econômico, e precisam voltar a ser a voz da atividade produtiva no País.