
“Foi uma forma de trazer mais perspectivas de futuro pra gente. Muitas atividades que fazemos durante as aulas trabalham com matemática e melhoram o raciocínio lógico. Não quero fazer faculdade de computação, me interesso mais por publicidade, mas acho que aprender a desenvolver um aplicativo ou um software, por exemplo, podem me ajudar muito no futuro da profissão”, diz Lucas Isaque, 20, aluno do terceiro ano da Escola Estadual de Referência em Ensino Médio (EREM) do Porto Digital, bairro do Recife Antigo e um dos beneficiados pelo projeto Pernambucoders.
A iniciativa, uma parceria entre Secretaria de Educação de Pernambuco, Porto Digital, Cesar, Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Softex, tem com objetivo levar aulas de linguagem de programação a nove escolas da Região Metropolitana do Recife (RMR), das quais três de ensino fundamental, três de ensino médio regular e outras três de ensino médio de tempo integral e de referência. A inspiração são os code clubs -ou clubes de programação - norte-americanos.
“Na escola de tempo integral, já há uma maior flexibilização de currículo, então sem dúvidas a programação vai ser incorporada à grade fixa dos alunos no futuro. Isso também é possível para o ensino regular”, afirma o governador Paulo Câmara. Inicialmente, estão sendo beneficiados 540 estudantes, que assistem às aulas desde agosto.
Daqui para frente, o Governo do Estado promete investir R$ 1 milhão por ano no projeto-piloto, cuja fase experimental é de 24 meses. Os recursos serão utilizados para custear melhorias nos laboratórios de informática das escolas e pagar bolsistas. Futuramente, o projeto deve se estender para outros municípios de Pernambuco. “Escolhemos escolas onde já existia um clima favorável dos próprios alunos. Também tivemos cuidado em englobar instituições onde a vulnerabilidade social é maior”, garante o secretário de Educação Fred Amâncio. Escolas selecionadas inicialmente pelo projeto estão no Recife, em Olinda, Paulista, Jaboatão dos Guararapes e Camaragibe.
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Além de fomentar a criatividade, o empreendedorismo e a capacidade de pensar e resolver problemas, as aulas foram pensadas para formar futuros profissionais capazes de atender às necessidades da chamada Indústria 4.0, que traz inovações como a internet das coisas e o big data. “Precisamos reter cérebros nesta área. É uma necessidade urgente para o desenvolvimento da indústria do futuro”, aponta o presidente da Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex-PE), José Claudio.
MERCADO DE TRABALHO
Outra preocupação do Pernambucoders é suprir um gap no próprio mercado de trabalho local, já que Recife abriga o maior polo tecnológico do Brasil e tem um gargalo de profissionais qualificados na área tecnológica. “Hoje, ou você sabe programar, ou é programado, e isso vale para qualquer área de atuação do profissional”, defende o presidente do Conselho do Porto Digital, Silvio Meira.
Todas as aulas serão ministradas por alunos dos cursos de computação e sistemas de informação da UFRPE. A metodologia aplicada busca integrar as disciplinas regulares à linguagem de programação.