COMÉRCIO

Pernambucana vai buscar glitter na China para ampliar negócio

Naiara Cândido, da Contém Glitter, fez sucesso no Carnaval e agora prepara seu plano de importações

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 04/06/2017 às 7:15
Foto: Contém Glitter/ Divulgação
Naiara Cândido, da Contém Glitter, fez sucesso no Carnaval e agora prepara seu plano de importações - FOTO: Foto: Contém Glitter/ Divulgação
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A quarta-feira de cinzas chegou, passou, mas não levou consigo o plano de negócios da Contém Glitter. Sucesso no Carnaval pernambucano deste ano, a marca que colocou o brilho (literalmente e também no sentido figurado) num potinho agora se prepara para ser a grande importadora do produto no País. E foi para isso que sua proprietária, a publicitária pernambucana Naiara Cândido, foi para o outro lado do mundo ver pessoalmente como os pedacinhos multicoloridos de plástico são produzidos. Agora, sua ideia é lançar um novo catálogo no início de novembro, quando a loja completa um ano, com formas e cores ainda inéditas no Brasil.

Pouco antes do Carnaval, Naiara chegou a procurar um consultor de importações para tentar comprar o glitter diretamente dos produtores, mas a alta demanda e a rapidez com que a marca ganhou destaque - inclusive com outros estados - fez com que o plano fosse adiado. No período ela chegou a ter um lucro de mais de R$ 25 mil e a vender quase dez mil potes de brilho. (Confira no vídeo abaixo a febre do glitter durante o Carnaval).

Depois do período de festa, ela decidiu unir o interesse como empresária e o desejo pessoal de conhecer a Ásia. “Fazia dois anos e meio que não tirava férias e queria muito conhecer a China. Então procurei o consultor e perguntei se era muita loucura eu ir sozinha para lá. Ele explicou que era muito difícil porque quase ninguém fala inglês. Mas aí eu disse: ‘É impossível? Então eu vou’”, conta.

Em sua viagem, conheceu quatro indústrias produtoras de glitter em três cidades diferentes e ainda participou da Canton Fair, a maior feira de importação e exportação do mundo. “Eu tinha uma preocupação de que os produtos tivessem uma origem correta, que combinasse com a proposta. Glitter é uma coisa colorida, alegre, não combina com uma produção triste de exploração”, afirma Naiara, referindo-se ao receio que tinha em relação à má fama das condições de trabalho envolvido em produtos chineses. “Comecei a entender que é um preconceito nosso. Vi que isso é uma coisa que acontecia há dez, quinze anos. A China hoje tem várias regulamentações relacionadas ao trabalho e lá pude ver pessoalmente”.

A empresária também ficou impressionada pelas possibilidades quase infinitas para a criação do glitter. Tudo começa com os filmes de plástico, que podem ter diferentes graus de opacidade e brilho e que, dependendo da tinta que receberem, terão efeitos e cores diversas. Por fim, a variedade ainda é influenciada pelo corte – redondo, quadrado, losangos, borboletas, etc. – que confere aos pedacinhos de poucos milímetros uma característica nova.

NOVA FASE

“Além de conhecer a produção em si, pude aprender muito sobre a área de negócios, que ainda é nova para mim”, diz Naiara. Nesse campo ela continua com o apoio de uma consultoria de importações, que está cuidando de toda a parte legal das transações e o contato com as indústrias após o retorno da empresária. De volta ao Recife, trouxe diversas amostras e muitos contatos para realizar os próximos pedidos.

A primeira carga de pedidos – de 45 quilos em glitter – está prevista para chegar até o fim de julho e já irá compor o novo catálogo de produtos da marca. Se até o Carnaval a maior parte do brilho vinha do Rio de Janeiro e de São Paulo, os planos é ser fornecedora para os dois estados, além de Brasília e Minas Gerais. Depois, conquistar todo o Brasil.

 

Naiara pretende inovar nas embalagens, além do sucesso dos potes em forma de colar (Foto: André Nery/ Acervo JC Imagem)

Na viagem também conseguiu sentir como anda o mercado de glitter no mundo, já que ainda é difícil afirmar se o sucesso do produto é um modismo ou fruto de um nicho que antes não era explorado. Naiara garante que as fábricas que visitou têm porte considerável – de 50 a 120 funcionários – já que o processo não é dos mais complexos e que algumas delas chegam a exportar para 25 países. “Eles confirmaram que houve um aumento no número de pedidos para o Brasil, mas são muito fechados, não dizem o quanto”.

O fato é que o mercado existe atualmente e Naiara soube explorar bem. Além dos potinhos de glitter em forma de colar (a ideia é que o comprador use pendurado no pescoço e possa retocar durante a festa), ela criou novos produtos para o seu portfólio. O open bar de brilho é fruto de uma parceria com produtoras de festas que querem oferecer um atrativo a mais. Também é patrocinadora de três drag queens do Recife, o que aproxima sua marca de um público que consome glitter independentemente de modismos ou datas comemorativas.

Para a nova fase sua intenção é inovar mais uma vez nas embalagens, mantendo a apresentação das cores e texturas como uma espécie de cardápio com nomes criativos – como os já lançados “escamas de sereia”, “céu da boca” e “azulcrinarion” – e a presença bem colocada nas redes sociais.

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