SAÚDE

Crise atrasa desenvolvimento do polo farmacoquímico de Goiana

Apenas uma empresa, fora a Hemobras, conseguiu se instalar no polo anunciado em 2011, durante governo Eduardo Campos

Bianca Bion
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Bianca Bion
Publicado em 09/09/2017 às 6:01
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Apenas uma empresa, fora a Hemobras, conseguiu se instalar no polo anunciado em 2011, durante governo Eduardo Campos - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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Para além de uma moribunda Empresa Brasileira de Hemoderivados (Hemobras), ainda há muito a ser feito no polo farmacoquímico de Goiana, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Anunciado no primeiro governo de Eduardo Campos, até hoje apenas uma empresa se instalou no local, fora a estatal. Outras seis empresas têm projetos para a região de 159 hectares, mas enfrentam dificuldades para se instalar devido à crise. No total, os investimentos na área somam mais de R$ 1,5 bilhão (a maior parte é da Hemobras).

A ideia do polo farmacoquímico nasceu em um momento de prosperidade para Pernambuco. A Hemobras, a empresa mais importante do polo, iniciou suas obras em 2010. O polo, inicialmente, também receberia a fábrica de vacinas da Novartis, empreendimento de R$ 1 bilhão, anunciado pelo presidente Lula e o então secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Bezerra Coelho. A empresa escolheu ficar em Jaboatão dos Guararapes.

Muita coisa mudou desde lá. A Hemobras está com 70% das obras concluídas e a Novartis não colocou a fábrica em operação. “A crise veio e atrasou a implantação de várias obras. Hoje, a White Martins concluiu a instalação na área. A Multisaúde e a Inbesa (do grupo Rishon) estão com obras em andamento. A Brasbiocombustíveis, Quantas Biotecnologia, Hair Fly e a Biologicus estão para se instalar”, comenta o presidente da AD Diper, Leonardo Cerquinho. Hoje, o governo do Estado oferece 95% de crédito presumido de ICMS, por meio do Prodepe para trazer empresas ao polo.

A Inbesa tem 30% das obras prontas, mas teve que interromper por causa da crise. A empresa anunciou a intenção de mudar a fábrica em Afogados, na Zona Oeste do Recife, para Goiana em 2013. Em 2015, iniciou o projeto, mas não teve perna para continuar. “Sofremos uma queda de 30% do faturamento com a crise. Estamos tentando aprovar financiamento no Banco do Nordeste para continuar a obra em Goiana”, explica o diretor da Rishon, Carlos Eduardo Villachan. O projeto está avaliado em R$ 6 milhões.

A Brasbiocombustível, empresa especializada em projetar usinas de biodiesel e com um dos maiores investimentos, de R$ 70 milhões, perdeu um dos investidores. O plano inicial era de começar as obras em 2015. Em Goiana, a empresa vai atuar como Brasbioquímica em um novo segmento. O objetivo é de fazer produtos para pets e indústria de cosméticos a partir de resíduos do biodiesel. “Com essa limitação, tivemos que remodelar o projeto. Este ano, estamos fazendo ajustes para começar as obras”, disse o diretor Jorge Santos.

Já a Biologicus, da área de cosméticos, enfrentou problemas com burocracia. Atualmente, trabalha no processo de liberação de terreno. O investimento é de R$ 3 milhões. O JC não conseguiu contato com a Multisaúde, Hair Fly e Quantas Biotecnologia.

ENTRAVE

Um entrave para o polo farmacoquímico em Goiana é o atraso na construção do Arco Metropolitano e do miniarco, que ajudariam a desafogar a BR-101 e a escoar com mais facilidade a produção das empresas para o Porto de Suape. Atualmente, o mini-arco é o mais avançado. Uma empresa está realizando estudos sobre a viabilidade da obra.

Sobre mobilidade, a Secretaria estadual de Desenvolvimento Econômico informou que concluiu o acesso viário à Hemobras. Já as obras de acesso ao polo vidreiro, na mesma região do polo farmacoquímico, terão início até o final deste ano.

Mas nem tudo quanto ao polo farmacêutico em Pernambuco está perdido. Ano passado, a empresa Aché anunciou investimento inicial de R$ 500 milhões que consiste na implantação de uma fábrica, em Suape, com previsão de gerar 500 postos de trabalho. A previsão é de que fique pronto em 2018.

O Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) está ampliando a produção para o Sistema Único de Saúde (SUS) com antipsicóticos. Já a empresa mineira Biomm comprou a antiga fábrica da Novartis, em Jaboatão dos Guararapes.

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