Sindicatos apostam nos clubes de desconto para manter número de associados

Fim da obrigatoriedade da contribuição sindical é apontado como um dos fatores de estímulo às benesses
Da editoria de economia
Publicado em 27/06/2018 às 8:00
Fim da obrigatoriedade da contribuição sindical é apontado como um dos fatores de estímulo às benesses Foto: Foto: USP Imagens


Benefícios e descontos em inúmeros serviços têm sido uma das contra-partidas apresentadas pelos sindicatos aos associados para tentar reverter o número de desfiliações e atrair novos trabalhadores. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em cinco anos, os sindicatos perderam mais de 1 milhão de integrantes, número que, para além da adesão, pesa no orçamento das organizações, sobretudo com o advento da reforma trabalhista e o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical.

O Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) foi um dos pioneiros no Estado a criar um programa de benefícios aos médicos associados. O Probem, como é chamado, vai desde descontos no ingresso para o cinema até redução do valor do plano de saúde e consultoria jurídica, garantindo inclusive o controle da inadimplência. “A anuidade do sindicato está em torno de R$ 900. Se dividirmos pelos 12 meses, o associado não chega a pagar R$ 100 por mês para ter uma economia que pode chegar a, por exemplo, R$ 1 mil ao ano com as mensalidades do plano de saúde. O programa serve de inspiração para outros sindicatos e para nós foi benéfico. Temos hoje um departamento específico para controle dos atrasos de pagamento e conseguimos manter a média em dois meses de atraso num universo com seis mil médicos associados”, diz o diretor administrativo do Simepe, Fernando Cabral.

A modalidade adotada pelos sindicatos passou a ser praticada até mesmo pelos conselhos regionais das categorias profissionais. Na semana passada, o Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo de Pernambuco (CAU/PE) lançou seu clube de descontos em parceria com 42 marcas do Estado, que se relacionam diretamente com os arquitetos, oferecendo descontos em lojas, academias e até mesmo na compra de carros. No caso dos conselhos, a diferença é que, para exercício da profissão, a associação é obrigatória. “Não existe nenhum custo a mais para ter acesso aos benefícios. A anuidade custa R$ 500 e o beneficiário tem acesso a descontos entre 5% e 25%. Trata-se de um benefício direto ao arquiteto e, naturalmente, às empresas, que têm a possibilidade de fidelizar uma clientela”, explica o presidente do CAU/PE, Rafael Amaral.

Impacto na economia

De acordo com o economista do sistema Fecomércio de Pernambuco Rafael Ramos, os clubes de desconto entre as categorias profissionais são bons para o comércio e para os profissionais. “Os sindicatos estão começando a dar mais incentivo para que os atuais filiados permaneçam e atraiam novos associados movidos pela desobrigação da contribuição sindical. É uma maneira de mostrar que há uma contrapartida, não só custo por ser sindicalizado e isso é bom para as categorias. Pelo lado do comércio, há o benefício da fidelização e aumento do consumo”, afirma ele.

Segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST), entre dezembro de 2017 e maio de 2018, o volume de ações relacionadas à contribuição sindical aumentou 161%. Foram 15,5 mil ações, no período, contra 5,9 mil entre dezembro de 2016 e maio de 2017. Nesta quinta-feira, o STF julgará ações que contestam o fim da obrigatoriedade da contribuição – instituída com a reforma trabalhista – e pode definir como as demais instâncias judiciais deverão se guiar em julgamentos sobre o tema.

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