Mesmo com um nível educacional mais alto que o dos homens, as mulheres ainda ganham, em média, três quartos dos salários ofertados às pessoas do sexo masculino. A desigualdade foi apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no seu estudo de Estatísticas de Gênero, divulgado no ano passado.
Essa é apenas uma das desvantagens da mulher no mercado de trabalho; a representatividade feminina também anda baixa. Em 2017, as mulheres ocupavam apenas 10,5% dos cargos para deputados federais, por exemplo. E o setor privado também mostra essa diferença. No prêmio Melhores Empresas Para Trabalhar, do Instituto Great Place To Work (GPTW), apenas 37% das colaboradoras entrevistadas eram mulheres, e apenas 15% estavam em cargos de gestão.
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Para levantar o debate e trazer esse assunto à tona, o instituto GPTW promoveu, ontem, o ciclo de palestras “A força global da mulher no mundo corporativo”, realizado na Faculdade Frassinetti do Recife (Fafire), no centro da cidade - única representante de Pernambuco na lista nacional de Melhores Empresas para as Mulheres Trabalharem. Foram convidadas a primeira mulher a chegar ao cargo de CEO da Federação Mundial de Recursos Humanos, Leyla Nascimento, e a analista de dados do GPTW, Lina Nakata.
“Não é só uma questão de equidade de gênero”, afirma a diretora executiva do GPTW em Pernambuco, Danielle Maciel. “A gente não pode ter vergonha de falar sobre o tema. É uma realidade, então a gente precisa falar. A gente não está tendo nem espaço para lutar por uma igualdade. Não estamos sendo inseridas no mercado de trabalho”, diz, justificando a importância do evento.
Ainda nos dados da pesquisa nacional das Melhores Empresas Para Trabalhar, Lina Nakata destaca que menos de 10% dos assentos nos conselhos administrativos eram ocupados por mulheres, o que faz com que o gênero ainda seja relativamente ausente de papeis estratégicos nas empresas entrevistadas pelo instituto. Mas não se pode esperar que o equilíbrio venha de forma automática – é preciso trabalhar para isso. Os ambientes mais favoráveis às mulheres tinham alguns pontos em comum. “Nessas empresas, a gente vê práticas de proatividade para a mulher, ações afirmativas e principalmente liderança engajada. Se a liderança não está comprando a causa, ela não consegue promover igualdade também”, pontua.
Para Leyla, apesar de os números ainda serem alarmantes, já são percebidos importantes avanços. “O caminho já está sendo traçado quando a gente vê que a maioria da força de trabalho com ensino superior vem das mulheres. Elas estão buscando muito conhecimento, traçando uma trajetória de carreira e ocupando seu espaço por mérito. Essa busca incessante de saber se dá porque elas sabem que o tempo gasto nessa conquista é longo”, conclui.