Formação

Atenção aos cuidados na hora de contratar um coach

No último mês, o Conselho Federal de Psicologia emitiu nota técnica com recomendações aos profissionais

Edu Rolemberg
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Publicado em 17/05/2019 às 20:00
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No último mês, o Conselho Federal de Psicologia emitiu nota técnica com recomendações aos profissionais - FOTO: Ilustração / Pixabay
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Trabalhar as habilidades do desenvolvimento humano, com foco em ferramentas específicas para o cliente buscar o autoconhecimento. É desta forma que o coach Saulo Veríssimo, 37 anos, descreve as atribuições da própria atividade. Segundo ele, a atuação de coach vem ganhando cada vez mais espaço no mercado de trabalho ainda considerado informal.

A prática de coaching começou há pelo menos 50 anos, com foco no treinamento de atletas, e apesar de já ser bem popular em outros países - como nos Estados Unidos - ser coach ainda é algo novo no Brasil. "Não temos uma regulamentação, por exemplo, mas podemos nos encaixar como uma assessoria ou um terapeuta holístico. Existem movimentos desde 2012 para tentar regulamentar a categoria que ainda não é considerada uma profissão, assim como organizações como a ICF". Atualmente, a Federação Internacional de Coach (ICF) conta com mais de de 30 mil membros cadastrados, em pelo menos 140 países.

A pessoa que procura o serviço de um coach busca, na maioria das vezes, alcançar um resultado específico nos campos pessoais e profissionais com a promessa de um prazo entre três a seis meses. Dentre os segmentos oferecidos ao cliente (coachee) estão contemplados campos familiares, sociais, financeiros, espirituais e até de atração. "Se uma pessoa vem com a intenção de ser promovida no trabalho, vamos juntos elaborar uma análise e traçar um planejamento", esclarece Saulo, que costuma cobrar entre R$ 500 e R$ 1.000 por atendimento.

Popularização

Essa popularização e rentabilidade da atividade de coach fez que a procura pela formação na área se intensificasse, aumentando a oferta de cursos oferecidos para quem também pretende exercer a atividade. "A partir do momento que eu entendo melhor os motivos que levam aos meus acontecimentos pessoais, consigo ajudar outras pessoas. Foi por isso que escolhi estudar para o coaching. Agora estou montando uma palestra", conta Marcelo Cavalcante, 45, jornalista e recém-formado em coaching. Ele agora pretende usar a experiência no meio esportivo para ajudar outros profissionais.

Assim como Marcelo, outras dezenas de pessoas buscam esse tipo de formação mensalmente. Somente na ICF do Brasil são mais de 600 membros registrados. "Alguns questionamentos e debates vêm acontecendo com relação a esse aumento na busca para se tornar coach, mas é importante lembrar que existe um código de ética que deve ser seguido universalmente e que, Infelizmente, existem maus profissionais fazendo besteira, podendo manchar a profissão a partir de uma generalização", lembra o presidente da organização em Pernambuco, Gustavo Boudoux, 40.

O que diz o Conselho Federal de Piscologia

A preocupação de Gustavo é a mesma do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que divulgou nota no último mês obrigando os profissionais de psicologia a informarem a sua formação quando estiverem atuando como coachs. "É importante lembrar que quando comparados, o campo de atuação de um psicólogo é muito mais amplo. A formação de um profissional de psicologia leva, em média, cinco anos. Muitos desses profissionais, hoje, atuam também como coachs, e se eles não respeitarem a nota técnica, poderão ser punidos", ressalta a psicóloga orientadora fiscal do Conselho Regional de Psicologia (CRP), Valéria Correia, 52.

Diferente do psicólogo, o coach não pode trabalhar as patologias psíquicas do indivíduo. "É muito importante que exista uma regulamentação da atividade, principalmente pelo cliente, pois muitas vezes ele não tem para onde recorrer quando um coach não leva sua atividade a sério. Por conta das redes sociais todo mundo acha que é coach, mas cursos são necessários. Além de ter formação na área, também sou psicanalista", completa Saulo.

Junto à nota técnica divulgada pelo CFP, Valéria Correia ressalta que nem todo coach tem formação em psicologia, e por isso - a partir da não regulamentação da categoria - é difícil controlar a atuação dos treinadores. "Essa norma técnica só vale para quem é profissional da psicologia. Infelizmente não podemos avaliar a situação de quem não tem formação".

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