Economia Criativa

Timirim foi pioneira no Brasil na criação de coleções com J.Borges

Empresa criada por empresárias francesas aposta em sustentabilidade como DNA da marca

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 09/09/2019 às 14:19
Foto: Divulgação/Timirim
Empresa criada por empresárias francesas aposta em sustentabilidade como DNA da marca - FOTO: Foto: Divulgação/Timirim
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A empresária francesa Ninon Daunis conta – com graça e um certo sotaque – ter demorado um pouco para entender que Luiz Gonzaga não era o autor da xilogravura que comprou e pendurou na parede da sala de sua casa, logo que chegou em São Paulo, em 2015. O interesse pelo estilo do artista fez com que voltasse várias vezes à loja em busca de outros trabalhos. Nas idas e vindas descobriu que Luiz Gonzaga era o nome do cantor retratado na gravura, criada pelas mãos de J.Borges, por quem havia se encantado.

Ninon e a sócia Julie queriam criar no Brasil uma marca de roupas para bebês e recém-nascidos com conceito sustentável, desconectada da ideia de que meninos vestem azul e meninas vestem rosa e alinhada à riqueza cultural e ambiental brasileira. Dentro dessa proposta, surgiu a Timirim, que oferece peças para bebês de 0 a 24 meses e para crianças de até 4 anos. Os modelos são vendidos no site www.timirim.com.br para todo o País e em lojas físicas multimarcas em alguns Estados do Brasil (em Pernambuco ainda não tem) .

“Eu já conhecia o trabalho de J.Borges e sabia que ele tinha tudo a ver com a proposta da Timirim. Aí decidimos fazer nossa primeira coleção com ele, a partir de desenhos coloridos e que retratassem a paisagem, as frutas, os animais do Nordeste e do Brasil. Quando enviei e-mail pra ele nem imaginava obter uma resposta. Imagina: uma pessoa famosa, um dos maiores xilogravuristas do Brasil”, recorda Ninon, dizendo que no dia seguinte a sobrinha dele (Edna) respondeu dizendo que Borges se interessou bastante pela proposta da empresa. Depois as empresárias viajaram para Bezerros para conhecer J.Borges e acertar os detalhes da coleção e do contrato.

ALGODÃO

A viagem também rendeu episódio engraçado. Desavisadas das festas do calendário regional, chegaram em Campina Grande em pleno São João. Foram à Paraíba em busca de comprar algodão orgânico, mas estão importando do Peru porque o fio para roupas de bebê precisa ser bem fino e o mercado local ainda não dispõe. Mesmo assim, as francesas plantaram uma semente e a região pode correr para desenvolver, sabendo que terá comprador. As roupas da Timirim são produzidas com algodão 100% orgânico.
“O encontro com J.Borges foi incrível. Ele desenvolveu 12 estampas para a marca e já fizemos nossa segunda coleção com ele que foi lançada no início de 2019. Enquanto a primeira foi baseada na famosa xilogravura Paisagem do Sertão, para essa segunda ele entalhou desenhos que nunca tinha feito para criar Paisagens do Mar, com plantas do oceano, golfinhos, peixes, baleias, estrelas do mar e tartarugas”, detalha Ninon.

J.Borges conta que ficou muito satisfeito com o resultado da coleção. “Elas enviaram uma roupinha pra minha neta. Ficou linda. É muito bom trabalhar com empresas que respeitam o artista”, diz. O artesão recebeu pelo desenvolvimento das estampas e tem um contrato de 5 anos pelo direito autoral. Daqui a dois meses, as estampas de Borges também deverão vestir o filho de Ninon, que está para chegar.

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