BEM-ESTAR

Estilo de vida saudável movimenta o mercado pernambucano

Negócios buscam amenizar problemas históricos da humanidade que são potencializadas à velocidade frenética das atividades cotidianas

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 06/10/2019 às 13:38
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Negócios buscam amenizar problemas históricos da humanidade que são potencializadas à velocidade frenética das atividades cotidianas - FOTO: Foto: Divulgação
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Muito provavelmente você faz parte mas nunca ouviu falar da “economia do bem-estar”, “economia da ansiedade” e do chamado “slow living” (viver devagar, na tradução livre do inglês). Contemporâneos, os termos definem os negócios que buscam amenizar problemas históricos da humanidade que, mais do que nunca, tem buscado soluções que mantenham em equilíbrio as sensações de estresse, cansaço, ansiedade, irritação e tristeza que são potencializadas à velocidade frenética das atividades cotidianas. Se numa ponta as pessoas têm buscado resoluções para esses problemas, outras tantas estão dispostas a oferecer essas saídas; o que – além de bem-estar e saúde – tem gerado dinheiro.

De acordo com o Instituto Global de Bem-estar (GWI, em inglês) a cifra não é pouca. No último levantamento feito pela GWI, incluindo dez setores na chamada economia do bem-estar, foram movimentados em 2017 cerca de US$ 4,2 trilhões de dólares (quase R$ 20 trilhões), representando 5,3% da produção econômica global naquele ano. Entre os setores estão cuidados pessoais, comida saudável, nutrição e perda de peso; além de medicina complementar, turismo de bem-estar, economia de spa, bem-estar no local de trabalho e de moradia.

Justamente de olho nas necessidades do ambiente corporativo, a Namkha Massoterapia viu sua receita crescer no ano passado com a oferta de quick massage, reflexologia podal, shiatsu na maca, ginástica laboral, barra de access e ioga. Criada em 2010, a Namkha chega a atender em média oito empresas por mês, o que representa cerca de 150 pessoas nos seus respectivos locais de trabalho. “O objetivo principal das massagens nas empresas é atuar em caráter preventivo, no alívio do estresse”, diz o diretor da Namhka, José Hamilton de Souza, que conta com um receita média de R$ 12 mil ao mês.

O crescimento da Namkha não é por acaso. Movidas pelo slow living, as pessoas têm mudado seus hábitos e adotado um estilo de vida que “desacelere” o ritmo cotidiano. Criadora da plataforma online Review, Bruna Miranda, 36 anos, passou a compartilhar conteúdo relacionados ao slow living e a manter um curso online para quem quer se aprofundar sobre o tema e fazer desse movimento um negócio. “O slow living é tanto um estilo de vida quanto uma filosofia sobre comportamento de produção e consumo. O movimento slow começou através da alimentação, na década de 1980, quando a Itália começou a ser invadida pelo fast-food. Foi criado o slow-food, para fortalecer os alimentos bons, limpos e justos. Isso acabou migrando para todas as áreas, se espalhando para questões de vida, beleza, casa, tudo”, conta ela.

Na sua plataforma, Bruna ajuda empresas e pessoas que querem desacelerar, nos mais diversos caminhos. Por turma, os cursos online sobre slow living chegam a reunir cerca de 15 pessoas, que pagam R$ 700 por acesso a vídeos, material para leitura e outros acervos do conteúdo didático, que fica disponível por até um ano. “Essa aceleração toda que chegou ao mundo trouxe consequência de diversas maneiras, desde questões pessoais relacionadas a estresse, burnout (distúrbio precedido de esgotamento mental e físico) até questão de consumo e sustentabilidade. É o momento de as pessoas repensarem, do ponto de vista pessoal e resgatar esse olhar interno e de conexão consigo mesmo, além de pensar mais na relação com o outro e com o meio ambiente”, reforça Bruna.

Atividades

O esgotamento físico e mental são as principais queixas dos alunos que procuram a educadora física, fisioterapeuta e instrutora de ioga, Manuela Leite, 34. “Pela questão da qualidade de vida, para tentar desacelerar, as pessoas estão buscando uma atividade um pouco mais tranquila. O público tem crescido, hoje tenho turmas bem lotadas e com um perfil que mudou muito nos últimos três anos. Antes eram mais idosos, pessoas mais velhas, hoje em dia é mais jovem, principalmente quem tem uma vida mais agitada”, comenta a instrutora.

Das três capacitações que possui, Manuela se dedica quase que integralmente à ioga. “Comecei com três turmas de até 10 alunos. Hoje, numa academia, tenho oito turmas e mais cinco turmas que já são atendidas por uma pessoa que coloquei lá. São 13 turmas de ioga por semana e todas lotadas, com até 20 alunos”, comemora. Além da academia, Bruna divide atenção com as aulas na casa dos clientes. Por aula, são 50 minutos por valores que vão de R$ 30 a R$ 150.

Com tantos serviços e profissionais atendendo, as empreendedoras Simone De Angelis e Manuela Magalhães viram a oportunidade ideal para criação do que elas chamam de “Google do bem-estar”, o MYOM. Numa plataforma online, elas conseguem criar perfil de quem oferece atividades e produtos com foco no slow living, localizando as atividades próximas aos clientes e dando garantias de avaliação a cada tipo de serviço.

“Você consegue ser encontrado por tipo de serviço, avaliação, localização e categoria. Vai desde o empreendedorismo sustentável até categoria de terapeutas holísticos e restaurantes vegetarianos. Temos 500 usuários cadastrados, entre quem busca e quem oferece serviços. A gente vinha pensando no projeto há três anos, mas entramos no ar em maio”, diz Simone. Para criação da plataforma foram investidos R$ 60 mil e a rentabilidade vem de publicidade e da criação de perfis premiuns ao custo de R$ 12,90. “Eu tinha outra pegada de vida, super acelerada, até que quase tive um Burnout e decidi tornar esse Q.I. (quem você indica) online para o Brasil inteiro para as pessoas encontrarem com segurança esses serviços”, ressalta Simone.

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