Consumo

Comida saudável é mais cara? Mercados vegano e orgânico crescem

Atualmente, estima-se que 14% da população brasileira seja vegetariana ou vegana, segundo pesquisa do Ibope Inteligência

MARÍLIA BANHOLZER
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MARÍLIA BANHOLZER
Publicado em 27/10/2019 às 15:57
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Atualmente, estima-se que 14% da população brasileira seja vegetariana ou vegana, segundo pesquisa do Ibope Inteligência - FOTO: Fotos: Felipe Jordão/JC Imagem
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O conceito de saudabilidade (mais nutritivo, menos conservante e menos agrotóxico) tem impulsionado os mercados do orgânico, vegetariano e vegano no Brasil. O levantamento "A Mesa dos Brasileiros: Transformações, Confirmações e Contradições", publicado em 2018 pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), mostra que 81% dos brasileiros têm se esforçado para se alimentar melhor. Além disso, 71% afirmam que comprariam produtos mais saudáveis mesmo que tenham que pagar mais por eles.

Atualmente, estima-se que 14% da população brasileira seja vegetariana ou vegana, segundo pesquisa do Ibope Inteligência, divulgada em maio do ano passado. Com mais de 30 milhões de brasileiros que se declaram adeptos a esta opção alimentar, o mercado vegetariano fatura cerca de R$ 12,5 milhões anuais e o vegano injeta R$ 2,8 milhões na economia brasileira a cada ano. Os dados são da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB).

Inaugurado há apenas três meses, o supermercado Zeppelin, em Boa Viagem, já sente a importância do conceito saudabilidade para os negócios. "Desde a inauguração, a procura vem se intensificando, sobretudo com a proximidade do verão. Temos um mix de mais de 500 itens em saudabilidade e 20% do faturamento vem desse segmento", contou Samuel Marques, sócio do empreendimento.

Empórios se popularizam

 

Hábitos alimentares do brasileiro mudaram, segundo pesquisa

 

Outro negócio que tem sentido a força da busca pela alimentação saudável, seja pelas opções vegetariana e vegana, ou apenas pela escolha por alimentos orgânicos, é o de empórios saudáveis. De acordo com a gerente da loja Pura Vida, no Poço da Panela, Gerlayne Silva, a procura por produtos saldáveis tem crescido assim como o mix de produtos tem aumentado. "Em nove anos nesse mercado, tenho notado essa popularização, assim como a mudança do perfil dos consumidores. Antes eram mais as mulheres, hoje temos homens, jovens, pessoas mais velhas. Está diversificando", disse ela, que se tornou vegetariana e depois vegana, desde que entrou no ramo do comércio de alimentação.

Gerlayne, que também é nutricionista, disse que esse processo de popularização também tornou os produtos, antes vistos como caros, mais acessíveis. "Hoje existem muitas lojas, e é possível encontrar com mais facilidade esses produtos veganos e orgânicos. Então eles também foram ficando mais acessíveis. Além da indústria de alimentos ter aderido ao estilo e, agora, produz até mesmo hambúrguer vegano", contou ela, que revela preferir fugir dos processados.

 

Eloah começou aderindo ao vegetarianismo e migrou para o veganismo

 

Vegetariana há 11 anos e vegana há cinco, a antropóloga Eloah Vieira, 27 anos, conta que não sente o orçamento ficar mais pesado por causa da escolha pelo veganismo, ou pelos orgânicos. No entanto, admite que a refeição fora domicílio para os adeptos desse estilo podem ser mais cara. "Quando você faz a sua própria comida, consegue trocar ingredientes por outros mais baratos, reaproveitar sobras. O fato de não usar carne, já barateia muito a feira de mês, por exemplo. Mas restaurantes veganos tendem a ser mais caros do que os que oferecem carne. Infelizmente há muita gourmetização", comentou Eloah.

Comida de qualidade

Já o empresário Otávio Bandeira, 25 anos, não é vegano ou vegetariano, mas afirma que tem tentado introduzir hábitos mais saudáveis à sua rotina alimentar. Além disso, ele trabalha no ramo da gastronomia e busca ingredientes diferenciados para incrementar as receitas. "Tenho buscado informação sobre orgânicos, pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais), fermentação natural, então acabei sendo influenciado, principalmente na parte de vinhos orgânicos", contou. Ele admite que, por vezes, esbarra em produtos um pouco mais caros do que os convencionais, mas revela estar disposto a pagar pela qualidade.

Otávio tem buscado mudar hábitos alimentares em prol da qualidade de vida

 

"Acho que a pessoa tem que ter um pouco de seletividade no que come. Mas no caso de vegetais orgânicos é possível economizar indo às feiras, porque negocia direto com o produtor. Hoje tem muito mais feiras, não precisa acordar às 4h para ter um bom vegetal orgânico", diz Otávio.

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