Artigo

Pelé x Maradona. Quem ainda aguenta?

Os anos passam e os dois grandes ex-jogadores ainda trocam farpas pelo título de melhor da história

Por Miguel Rios
Cadastrado por
Por Miguel Rios
Publicado em 26/02/2013 às 16:47
NE10
Os anos passam e os dois grandes ex-jogadores ainda trocam farpas pelo título de melhor da história - FOTO: NE10
Leitura:

O passado de Maradona e Pelé nos gramados nem precisa relatar aqui, nem precisa dimensionar. Gênios resume. Muito menos necessita cair na guerrinha de quem é melhor. Babaquice define. Talvez essa polêmica tenha rendido bem durante um período, quando Maradona corria como uma locomotiva, ziguezagueando, humilhando defesas, deixando goleiros a rezar para os anjos da guarda.

Era uma época já sem Pelé. Maradona apareceu e os argentinos passaram a querer por querer dar um golpe no reinado do brasileiro. O tempo passou e não arrefeceram os ânimos. Pior. A neurose aumentou.

Eles a empurrarem Maradona a todo custo ao cargo de melhor da história. Até o promoveram a Deus. Nós a defendermos o castelo e o trono com bravura, devolvendo qualquer ataque.

Pior ainda. A neurose contagiou os protagonistas. Maradona a alfinetar Pelé, Pelé a alfinetar Maradona, Maradona a alfinetar Pelé, Pelé a alfinetar Maradona, Maradona a alfinetar Pelé, Pelé a alfinetar Maradona, Maradona a alfinetar Pelé, Pelé a alfinetar Maradona. Pois é. Viu como a repetição cansa?

Viu como não há qualquer novidade nessa briguinha? Viu como é polêmica sem graça? Não vai mais para canto algum, nem empolga, só chateia. Tão surrada que para tentar lhe dar algum sangue novo agora envolvem outros: Messi e Neymar.

Maradona volta a alfinetar Pelé e se diz ser melhor que Messi. Pelé já alfinetou Neymar e, com certeza, deve responder a Maradona. É para alimentar egos, fomentar disse me disse na mídia fofoqueira, nos cambaleantes torcedores que curtem picuinhas remixadas.

Não caiu a ficha ainda nem lá e nem cá que pouco adianta. Quem gosta de Maradona vai sempre gostar de Maradona e dizer que Pelé está no lugar errado. Para tal, pouco vale o que diz a Fifa, o que dizem milhões de brasileiros, o mundo que seja. Que se lasquem.

E quem gosta de Pelé vai sempre tratar Maradona como usurpador fracassado, que até foi bom, mas nem chegou aos pés, nem para amarrar o cadarço, que se contente com o segundo lugar e olhe lá, que devia ter muita gente na frente dele, inclusive Di Stéfano e por aí vai.

Há quem prefira Neymar como melhor. Há quem opte por Messi. Há quem vá apostar em Garrincha, em Zico, em Zidane, em Ronaldo, em Romário... em Zé Pirulito, atacante do Couve-Flor Futebol Clube, que é o melhor da várzea de não sei de onde, injustiçado pelos deuses do futebol.

Torcedores adoram debate infrutífero. Dos que à vezes viram bate-boca, que levam à intriga, que levam todos para casa brabos uns com os outros, remoendo e vociferando subjetividades.

Torcedor é bicho besta. Vive de picuinha para se mostrar o mais sabido em futebol. Só que futebolômetro nunca foi inventado. Ele, então, que se contente com sua opinião e a propague, pois o discordante da cadeira do lado vai dizer o mesmo de si.

Patético é quando a gente vê Pelé e Maradona, por anos e anos, a trocar farpas pela imprensa, diante de qualquer câmera que se acenda. Batendo e rebatendo, batendo e rebatendo, batendo e rebatendo... Agora, na tentativa de apimentar mais a picuinha e torná-la séria e atrativa, miram em garotos de 21 e 25 anos, xodós da mídia, superastros.

Pelé afirma que Neymar é deslumbrado com a fama. Maradona, que tem mais capacidade que Messi. Neymar Messi parecem nem estar aí para o que falam.

Dois senhores que não precisam nem de longe expor suas carências de palco. Eles têm os vídeos, os testemunhos, as fotos, as taças na memória coletiva. Têm a história. Têm novas trilhas a seguir. Senhores, superem.

Últimas notícias