Vida

Lucas Lyra continua se recuperando de tiro recebido durante confronto de organizadas

Alvirrubro recobrou totalmente os movimentos do braço direito, a fala e a memória recente

Luana Ponsoni
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Luana Ponsoni
Publicado em 15/02/2015 às 7:10
Bobby Fabisak/ Jc Imagem
Alvirrubro recobrou totalmente os movimentos do braço direito, a fala e a memória recente - FOTO: Bobby Fabisak/ Jc Imagem
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Depois do dia 16 de fevereiro de 2013, a casa de número 410, localizada na Travessa Francisco Lacerda, na Várzea, precisou ser rapidamente substituída pelo ambiente impessoal dos quartos de hospital. Naquela tarde de sábado, o alvirrubro Lucas Lyra, então com 19 anos, foi baleado na cabeça enquanto se preparava para assistir a mais um jogo do Náutico. O autor do disparo foi José Carlos Feitosa, que fazia a segurança de um dos ônibus da empresa Pedrosa quando um confronto entre torcidas organizadas começou na frente dos Aflitos. Apesar de nesta segunda-feira (16) a tragédia completar dois anos, Lucas continua se recuperando em um hospital particular do Recife. A saudade de casa é grande. Mas o jovem não reclama. Apenas sorri, em uma nítida demonstração de gratidão pela vida.

Após ser alvejado, os prognósticos para o torcedor foram os mais sombrios. “O médico disse que, como não morreu no momento do tiro, ele, provavelmente, morreria nas próximas 24 horas, já que a chance de sobrevivência era de apenas 1%”, relembrou a irmã do torcedor, Mirela Lyra.

Nos 729 dias que se seguiram, o alvirrubro continuou surpreendendo. Inicialmente quadriparético (quando não há paralisia e, sim, uma redução acentuada de força nos quatro membros), Lucas conseguiu recuperar o movimento do braço direito. Agora, a luta é para melhorar a mobilidade do esquerdo e das duas pernas. Ele também restabeleceu a memória recente, algo improvável em pessoas que tiveram traumas semelhantes ao seu. Uma das conquistas mais recentes foi a alta das sessões de fonoaudiologia. 

“É difícil prever até onde vai a recuperação do meu irmão. Ele está sempre surpreendendo. Quando nós contamos que Lucas está bem, falando e perfeitamente orientado, as pessoas acham que estamos doidas. Um dos enfermeiros que o acompanhou no começo quase caiu para trás quando veio visitá-lo tempos depois. Ele nos disse que escreveria a história de Lucas na Bíblia se Deus o desse uma folha do Livro Sagrado em branco”, contou Mirela.

Basta uma rápida visita ao jovem para perceber que os improváveis avanços conquistados podem ser resultado da postura com a qual ele resolveu enfrentar as sequelas do trauma. “Minha força vem de Deus, é tudo com Ele. Como eu poderia não ser feliz? Eu tinha apenas 1% de chance de viver”, exclamou. 

O amor da mãe, Cristina Lyra, e dos irmãos, Mirela e Joel Lyra, também tem sido fundamental. Desde que Lucas foi baleado, Cristina mora com o filho no hospital. Já os irmãos não ficam um só dia sem visitá-lo. No fim deste mês, entretanto, o convívio com a família será limitado. Lucas vai ser transferido para o Hospital Sarah Kubitschek de Fortaleza (CE). No local, referência em reabilitar pacientes com problemas locomotores, o alvirrubro só vai poder ter um acompanhante, que será a mãe, Cristina Lyra. Os irmãos prometem visitá-lo todos os finais de semana. Era a garantia que faltava para Lucas seguir lutando com a mesma fé e confiança que alimentam os seus sorrisos.

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