Entrevista

Ricardo Coelho considera a Operação Arquibancada um avanço no combate às organizadas

Promotor foi um dos pioneiros na luta contra essas facções

Luana Ponsoni
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Luana Ponsoni
Publicado em 29/10/2015 às 8:02
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Promotor foi um dos pioneiros na luta contra essas facções - FOTO: JC Imagem
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Pioneiro no combate às organizadas em Pernambuco, o promotor Ricardo Coelho vê a Operação Arquibancada como um grande avanço para acabar com essas facções. Em 2010, ele protocolou uma ação, pedindo a extinção das três maiores uniformizadas do Estado: Torcida Jovem, Fanáutico e Inferno Coral.

OPERAÇÃO

Sempre achei que o Estado tem todas as armas para combater essas quadrilhas organizadas. Refiro-me à Policia Militar, à Polícia Civil, ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e à Justiça. Um conjunto de ações nessas frentes é mais do que suficiente para proibir os acessos desses bandidos disfarçados de torcedores aos estádios. Digo mais: de colocá-los na cadeia. Por uma decisão política, o Estado optou, durante muito tempo, por tolerar e não combater as torcidas organizadas. Vejo essa operação (Arquibancada) com bons olhos. Fiquei muito satisfeito e meu desejo mais profundo é que as investigações prossigam. É necessário chegar aos dirigentes das organizadas e que eles respondam pelos crimes cometidos por suas facções. 

ESCOLTAS 

Um avanço que ainda precisamos ter diz respeito ao término imediato das escoltas feitas por policiais militares a esses bandidos. Em vez de estarem nas ruas, promovendo a segurança do cidadão de bem, um grande contingente desses oficiais são destacados, em dias de partidas de futebol, para conduzir as uniformizadas aos estádios e depois segui-las até seus locais de concentração. 

AVANÇO

A Operação Arquibancada também representou avanço em uma das duas frentes para acabar com a impunidade das torcidas organizadas. Com a prisão de 12 integrantes, tivemos a responsabilização criminal de uma pequena gama desses bandidos. Resta a responsabilização civil, que seria os seus dirigentes responderem pelos danos causados por suas torcidas organizadas. Temos Lucas Lyra internado há mais de dois anos em um hospital, diversos comerciantes que tiveram seus estabelecimentos depredados... É necessário usar o patrimônio das organizadas para pagar indenizações a quem foi prejudicado.

CLUBES

Se os clubes de Pernambuco se engajassem na luta contra as organizadas, teríamos um grande avanço. Tenho de ressaltar o ato de coragem, sem precedentes, do presidente do Sport, João Humberto Martorelli, que impediu membros da Torcida Jovem de entrarem na Ilha do Retiro durante uma partida. Foi um ato de coragem e merece ser aplaudido. Já ouvi muitos dirigentes dizerem que não combatem as organizadas por medo de represálias. Outros têm interesses políticos. É lamentável, mas algumas pessoas usam os votos dessas facções para se elegerem nos clubes de futebol.

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