FUTEBOL INCLUSIVO

Futebol é ferramenta de inclusão para fundadora do Olho D'Água F.C

O Projeto Olho D'Água Futebol Clube é um dos times que participam do Recife Bom de Bola de 2019

Túlio Feitosa
Cadastrado por
Túlio Feitosa
Publicado em 13/10/2018 às 10:06
Foto: Reprodução/TV Jornal
O Projeto Olho D'Água Futebol Clube é um dos times que participam do Recife Bom de Bola de 2019 - FOTO: Foto: Reprodução/TV Jornal
Leitura:

O futebol, como muitos outros esportes, é uma ferramenta de inclusão social e, devido à sua acessibilidade, está presente em regiões pouco favorecidas do Brasil e do mundo. Entre os responsáveis de usar o esporte que consagrou atletas como Pelé e Ronaldo para ajudar comunidades carentes de atividades esportivas, a comerciante Maria Clara Ferreira foi uma personagem importante para os jovens da comunidade onde vive, em Cajueiro Seco, bairro de Jaboatão dos Guararapes.

Há pouco mais de três anos, a moradora do conjunto habitacional Olho D'Água, Maria Clara atua como diretora, presidente, psicóloga e treinadora do projeto de futebol que contém o mesmo nome da sua comunidade. Com mais de 200 crianças participantes, a comerciante sustenta todo projeto com o que ela ganha na lojinha que tem na frente do seu apartamento. “Aqui a gente vende do açúcar ao sal”, disse em frente ao seu comércio, movimentado por quem mora nas proximidades. “É toda hora. Às vezes é até de madrugada. Batem na janela e eu tenho que atender, porque preciso ganhar meu dinheirinho”, completou.

O sustento do Projeto Olho D'Água Futebol Clube não é apenas financeiro. O sonho e a motivação de mudar a vida das crianças envolvidas movimenta Maria Clara a continuar com a ação na comunidade. “O sonho da gente é formar bons cidadãos. A gente usa o futebol com esse intuito. O sonho da gente é vê-los trabalhando, estudando, ajudando a própria família, se sustentando. E não estar na criminalidade”, ressaltou.

O Projeto Olho D'Água Futebol Clube nasceu junto com um campo que, antes, era um espaço cheio de lixo e entulhos de construções. “Consegui limpar tudo com um amigo meu. Tiramos 42 caçambas de lixo daqui e formamos uma área de lazer para a comunidade”, explicou Maria Clara.

Aluno do projeto, Éverton Lucas é uma das pessoas que sustenta a ideia de inclusão que Maria Clara prega no Olho D'água. O jovem, de 13 anos, cresceu com paralisia infantil, mas isso não o impediu de participar da equipe da comunidade, que o recebeu de braços abertos. “Por ser uma pessoa com deficiência física, eu pensava que eles iam me rejeitar, me botar para trás, mas não. Eles fizeram o que ninguém faria por mim”, disse Éverton.

A comerciante tem o apoio fundamental da sua irmã no andamento no projeto. A cozinheira Marcilene da Silva cuida dos uniformes da equipe, “Eu tenho o maior cuidado para lavar, estender, dobrar um a um. Ter um cuidado maior porque é muito difícil a gente conseguir um padrão novo”, disse a cozinheira, que também ajuda com os lanches dos jovens atletas do Olho D'Água. “Tem criança que sai sem tomar café, sem almoçar. Então a gente prepara o pão doce e o refrigerante. Já estamos conhecidas pelo lanche do pão doce”, completou.

RECIFE BOM DE BOLA

Com alguns troféus de campeonatos de várzea conquistados pelo Olho D'Água F.C, a meta é conquistar um ainda maior. Intitulado como o maior campeonato de várzea do mundo, o Recife Bom de Bola agrega equipes de todas as regiões da capital pernambucana. Após três edições do torneio na qual Maria Clara gostaria ter colocado seu projeto, finalmente a equipe de Cajueiro Seco está presente.

“Desde quando começou o projeto, eu já sonhava, junto com eles, ir para o Recife Bom de Bola, e a gente nunca conseguiu. Esse ano conseguimos entrar e já passamos de fase com o sub-15. E, se Deus quiser, rumo a vitória para sermos campeões”, pontuou a treinadora.

Últimas notícias