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Carlyle Paes Barreto: Boleiro raiz, Nereu Pinheiro formou craques e atuava sem frescura

''Enquanto treinadores de forma geral querem ser chamados de professores, Nereu era apenas Nereu''. Leia o comentário de Carlyle Paes Barreto

Carlyle Paes Barreto colunista do Planeta Bola
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Carlyle Paes Barreto
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Publicado em 12/12/2019 às 10:25
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Carlyle Paes Barreto é titular da coluna Planeta Bola, do JC*

Antes mesmo de o termo raiz ganhar projeção, Nereu Pinheiro já o era. Técnico sem frescura. E com talento de descobrir craques.

Enquanto treinadores de forma geral querem ser chamados de professores, Nereu era apenas Nereu. Cabelos despenteados, barriga projetada para frente. E popular.

Nada de extremos desequilibrantes, jogo apoiado ou externos. Com ele era zagueiro, volante, meia e atacantes. Jogou bem, fica. Jogou mal, sai.

Foi assim com o Sport em 1989, levando o Leão ao vice-campeonato na primeira edição da Copa do Brasil. E com erros de arbitragem na final com o Grêmio, que poderia ter lhe colocado em outro patamar.

Dez anos depois, afastou todos medalhões do Santa Cruz. Queriam nada, dizia na época. Preferiu a garotada que nao saira da base. Com eles eliminou o poderoso São Caetano, dono da melhora campanha na fase classificatória da Série B. E que viria a ser a sensação do País nos anos seguintes. Vice-campeão brasileiro. Vice da Libertadores.

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No Santa Cruz, Nereu teve várias passagens, mas a que mais marcou foi em 1999, com o acesso -
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Nereu também fracassou. Claro. Como qualquer um. Foi e voltou do Sport quatro vezes. Do América. Confiança, Ferroviário, Olinda. Deixando história e estórias por onde passou.

Nunca dava ré ao dirigir. Também não permitia que motoristas o fizesse. Muitas vezes fazendo com que o ônibus que levava seus times desse volta no quarteirão, para não voltar alguns metros. Sem falar nas camisas da sorte. Se ganhava um jogo no inicio do campeonato, iria até o final com ela.

Técnico raiz. E que deixa belos frutos.

Carlyle Paes Barreto é colunista do Jornal do Commercio*

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Luto no futebol pernambucano

O futebol pernambucano acordou nesta quinta-feira de luto. Nereu Pinheiro, uma das principais referências do esporte local, faleceu vítima de um tumor na cabeça. Nos últimos quatro meses, ele encarou tratamento intensivo, mas não resistiu. Estava internado no hospital Hapvida de Casa Forte, na Zona Norte do Recife. O ex-treinador reúne passagens por Sport, Santa Cruz, América, entre outros clubes da região. Coincidentemente, Nereu faleceu no dia em que se rememora o grande feito de sua carreira. No dia 12 de dezembro de 1999, ele liderou o Santa Cruz na conquista do acesso do Tricolor para a Série A.

Acesso histórico

Em 1999, o Santa Cruz montou um time com medalhões, inclusive com a presença do argentino Mancuso. Mas a temporada não foi positiva para o Tricolor. Foi derrotado no Estadual e por pouco não caiu para a Série C. Foi então que Nereu assumiu a equipe coral, apostando nos jovens da base. A Série B de 20 anos atrás apresentava outro formato. No mata-mata, o Santa Cruz superou o São Caetano e, no quadrangular final, conseguiu o acesso junto com o Goiás. Bahia e Vila Nova permaneceram na segunda divisão. 

"Nereu é uma lenda vida. Passou por grandes clubes e vai deixar o saudade enorme. A Federação (Pernambucana de Futebol) lamenta muito a morte de Nereu e vai tomar todas as medidas protocolares para prestarmos a homenagem que ele merece", pontuou o presidente da FPF, Evandro Carvalho.  

O Santa Cruz usou as redes sociais para homenagear o ex-técnico e lembrar o grande feito que marcou a história do clube. "Uma figura totalmente volta para o futebol. Grande descobridor de talentos. O santa cruz tem que prestar uma homenagem. É uma grande perda para o futebol", falou o ex-presidente do Tricolor, João Caixero.

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