Análise

Presidente Glauber Vasconcelos explica todas as polêmicas no Náutico

Mandatário alvirrubro falou sobre renovações, 2015 e até negou uma possível renúncia do cargo

Diego Toscano
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Diego Toscano
Publicado em 01/12/2014 às 7:12
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Mandatário alvirrubro falou sobre renovações, 2015 e até negou uma possível renúncia do cargo - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Em uma entrevista coletiva de mais de 40 minutos, o presidente do Náutico, Glauber Vasconcelos, veio a público para explicar a conturbada semana do Timbu, com salários atrasados, greve e críticas do elenco a diretoria. Também justificou a sua viagem para Miami e rebateu várias polêmicas, como a de uma possível renúncia do cargo e a informação de que jogadores machucados do elenco não recebiam pagamento. Além disso, projetou um 2015 “de ouro” para o Timbu e falou da renovação com o técnico Dado Cavalcanti e jogadores. Por fim, ainda alfinetou a oposição e explicou o jantar pago por Dado em Natal. Confira:

Viagem para Miami

Estava marcada há quatro meses e tinha dois propósitos: aproveitar o passeio e voltar por São Paulo para ter um encontro de um assunto de interesse do Náutico. Não me ausentei com a equipe em greve porque peguei o voo no domingo (16), quando nada tinha acontecido.  Além disso, o clube não vive de uma pessoa só: temos dois vice-presidentes (Gustavo Ventura e Durval Valença) que, quando eu saio, me substituem em qualquer necessidade. Também quero dizer que, nos dias atuais, não existe mais distância. Todos os dias falei sobre a greve com todos eles. Acompanhei e discuti tudo que estava acontecendo.

Bicho dos atletas, Dado pagando jantar e jogadores sem receber no DM

Nós tínhamos combinado com os atletas que, em caso de empate contra o Santa Cruz, na Arena Pernambuco, pagaríamos R$ 10 mil de bicho. Para conseguir esse dinheiro, arrecadamos R$ 5 mil de conselheiros e mais cinco por nós mesmos. Porém, existiam débitos mais importantes para serem pagos naquela data, então usamos os recursos captados por nós para pagar, guardando o outro valor dado pelos alvirrubros para quando tivéssemos tudo. E isso foi feito na segunda (24) ou terça-feira (25) passada.

Com relação ao jantar pago por Dado: na véspera daquela viagem para Natal (Náutico foi derrotado por 1x0 para o América-RN), nós recolhemos os recursos necessários para o jantar e as despesas. Algo em torno de R$ 4 mil. Após uma “vaquinha” entre a presidência e os diretores, depositamos essa quantia diretamente na conta do Carlos Kila (gerente de futebol). Na hora do jantar, o cartão dele não passou, Dado resolver pagar e recebeu na reapresentação do elenco, no Recife. Uma situação muito natural. Tem muita coisa rolando no Náutico e a gente está se preocupando com um cartão que não passou. Acho isso uma coisa muito pequena. Nunca vou deixar de defender o clube, e não vai ser por causa de cinco, dez ou vinte mil reais que o vamos passar vergonha em qualquer lugar do planeta.

Outra coisa ridícula que foi exposta é a informação de que jogador que está no departamento médico não recebe do clube. Procurem falar com Pedro Carmona ou Luiz Alberto, os dois que ficaram mais tempo no "estaleiro" e causaram uma perda enorme de rendimento do time. Estive pessoalmente na operação do meia, e tudo foi custeado por nós. Acompanhei também a evolução de Luiz Alberto depois do problema que ele teve. Vocês acham que se nós tivéssemos abandonado um atleta que teve uma lesão séria como Carmona, ele tinha renovado com a gente? É um profissional de muita qualidade, que ficou conosco porque sentiu segurança. Infelizmente se propagam coisas por oportunismo, mas o respeito pelo ser humano, nesta gestão, é muito grande.

Salários atrasados

Pagar é uma obrigação, trabalhar para receber também e a união dessas duas coisas é o que leva ao sucesso. Infelizmente nós tivemos esses problemas, e estamos fazendo um esforço essa semana para captação de recursos para concluir os pagamentos. O que mais me dói o coração é você ver uma pessoa que ganha pouco no Náutico e que está passando por dificuldade. Isso me machucado e tem me tirado o sono e de todos que fazem parte da gestão. O atraso dos pagamentos pode até levar o entendimento de uma falta de respeito com as pessoas, mas não é. Estamos no limite da responsabilidade e tomando muitas decisões para honrar os compromissos do Clube Náutico Capibaribe.

Cavalinho do Fantástico

A luta por recursos não vem de hoje, mas de janeiro. Tivemos uma perda muito grande de receita com o rebaixamento da Série A em 2013, resultando em um desgaste muito grande da imagem do clube. Inclusive, com aquela infelicidade do cavalinho do Fantástico (quadro do programa de Rede Globo que mostrava a classificação da Série A do ano passado por meio de cavalos. Quando o Náutico foi rebaixado, a emissora colocou o animal alvirrubro em uma cama, morrendo) trouxe muitos aspectos negativos para gente. Até a final do Campeonato Pernambucano, só se falava nisso

Penhoras e processos contra o clube

Estamos lutando todos os dias. O clube tem problemas crônicos e nós vivemos para resolvê-los. Tivemos diversas tentativas de penhoras ao longo desse segundo semestre, e precisávamos levantar fundos e negociar para não perder a sede do Náutico. Aí, com os recursos limitados e ainda tendo que direcionar parte deles para evitar execuções do patrimônio alvirrubro, tivemos mais dificuldade ainda para o desenvolvimento e atrapalhou o nosso fluxo de caixa.

Da nossa gestão, temos três ações pontuais e iremos recorrer até o fim. Nenhum processo correrá em revelia, sem a devida atenção para reguardar o interesses do Náutico. Nós vamos fazer todo o esforço para reverter. Muitos processos chegaram de jogadores que deixaram o clube antes da nossa chegada. Dever não é o correto, pois o trabalho tem que ser coroado com a remuneração. Vamos fazer todo o esforço para terminar o ano em dia. Em relação aos adiantamentos, fizemos para terminar de pagar a folha salarial, no mesmo limite que foi adiantado ao Santa Cruz. Estamos lutando com as armas que são disponíveis no mercado.

Por um 2015 diferente

Teremos dois fatores completamente diferentes de 2014: uma grande experiência do ponto de vista da realidade e dos limites do clube e da nossa pré-condição de estarmos no mercado antes do dia 2 de janeiro, coisa que enfrentamos no início deste ano e atrapalhou o planejamento. Um mar de oportunidades se abre em 2015 e tenho certeza que vamos dar uma virada significativa. Será um ano de ouro para o Náutico.

Número excessivo de contratações no ano

Nas contas do clube foram 43, mas não posso negar que considero um número elevado de jogadores contratados. Uma das medidas da responsabilidade é admitir o erro. Só se cresce reconhecendo-os e aprendendo com eles. Porém, quando chegamos no clube, só tínhamos três jogadores efetivamente no profissional. Tivemos que montar um time em 16 dias, ainda contra aquela imagem que foi arranhada muito fortemente por aquele protesto dos jogadores por salário no ano passado, encabeçado pelo volante Martinez. Em 2015, com uma folha mais “pé no chão”, faremos contratações pontuais, sem a necessidade de montar um time com emergência para um campeonato, como fizemos em 2014.

Renovações

Vamos começar a abrir conversações mais avançadas com os jogadores que querem ficar e temos interesse. Muitas vezes o jogador coloca que não foi procurado, mas o empresário já foi contactado e ele não está sabendo. As negociações foram suspensas durante esta semana pelos acontecimentos, mas prosseguirão daqui para frente. Vamos seguir no esforço de fazer um time forte, reconhecendo as limitações que nós temos.

Dado Cavalcanti

Essa conversa de renovação com ele vem ocorrendo há algumas semanas. É um técnico que tem valor, um jovem que merece todo o respeito da torcida e da direção pelo trabalho que fez. Vamos conversar com Dado exaustivamente para tentar mantê-lo. Agora, tenho que lembrar que o Náutico é grande, e estar trabalhando nele tem que considerado também uma honradez, e não um demérito. Esta semana vamos fechar esse assunto.

Renunciar ao cargo de presidente

Minha missão no Náutico é reerguê-lo, fazer com que volte ao patamar que merece. Para isso, lutarei até o fim. Eu me sinto sufocado, perdi meu sono, tenho prejudicado minha saúde e sacrificado minha vida profissional. Mas, nada disso suplanta o amor e a dedicação que tenho ao clube, e não fará com que eu abra nem um milímetro de honrar os 73% de votos que tive e o respeito e a identidade que a torcida tem por nós. Eu sou um torcedor, não um cartola. Esse clube não está aqui para dar satisfação para quem quer que seja se não a torcida.

Oposição

Eu queria registrar que em circunstância nenhuma um ex-diretor nos procurou para ajudar no pagamento de qualquer folha. A oposição deve existir. Em um regime democrático, se você não a tiver, não haverá alternância de poder. O que não aceito é que se procure minar o clube com informações inverídicas. Ações predatórias, que visam unicamente desestabilizar a equipe no momento que se precisa de o mínimo de paz para enfrentar desafios. Eu tenho muita coisa para fazer do que estar preocupado com dores individuais. Tenho que lutar muito para fazer esse clube grande.

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