Doping

Armstrong: 'Me dopei nos 7 títulos da Volta da França'

Em entrevista, ciclista norte-americano admitiu ter usado EPO, transfusões sanguíneas e testosterona para melhorar a sua performance no esporte

da Agência Estado
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Publicado em 18/01/2013 às 9:30
Foto: MANDEL NGAN / AFP
Em entrevista, ciclista norte-americano admitiu ter usado EPO, transfusões sanguíneas e testosterona para melhorar a sua performance no esporte - FOTO: Foto: MANDEL NGAN / AFP
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Depois de mais de uma década negando, o ciclista Lance Armstrong admitiu ter se dopado para vencer sete vezes na sua carreira a Volta da França. Em entrevista gravada na segunda-feira (14) e exibida na noite desta quinta (17)  nos Estados Unidos (madrugada desta sexta no Brasil), ele disse ter usado EPO, transfusões sanguíneas e testosterona para melhorar a sua performance no esporte.

No início da entrevista concedida a Oprah Winfrey, considerada a mais popular apresentadora dos Estados Unidos, Armstrong respondeu "sim" para uma série de perguntas, incluindo se ele havia usado "esteroides", "EPO", "drogas proibidas para vencer a Volta da França".

Em seguida, Oprah perguntou se Armstrong "viveu uma grande mentira". Em resposta, o ciclista afirmou que "era uma história perfeita, mítica. E não era verdadeira". "Fiz as minhas próprias decisões. Foram meus erros. Estou aqui para pedir desculpas", disse.

"Eu via tudo de uma forma muito simples. Havia drogas (...) que beneficiavam incrivelmente a resistência nos esportes e isso era tudo o que precisávamos. Meu coquetel era, para deixar claro, EPO, mas não muitas transfusões e testosterona", disse o ciclista, visivelmente desconfortável, mas aliviado, ao admitir o uso de doping na carreira.

Em alguns momentos, ficou com lágrimas nos olhos na entrevista que deveria bater recorde de audiência nos Estados Unidos. Armstrong, porém, quis deixar claro para Oprah que não usou doping quando voltou a competir a Volta da França em 2009 e 2010. Nestas duas competições, ele não venceu, mas conquistou um terceiro lugar. Segundo ele, nos anos em que foi campeão seria impossível ter ganho sem o uso de doping.

"Eu era o líder da minha equipe. E um líder de um time lidera pelo exemplo. Nunca teve uma ordem direta para alguém fazer alguma coisa. Isso nunca aconteceu. Mas era uma equipe competitiva. Éramos todos homens crescidos e todos fazíamos nossas escolhas. Algumas pessoas no time escolheram não usar (doping)", acrescentou Armstrong.

A declaração encerra uma das maiores polêmicas da história do esporte. Por anos, Armstrong, de 41 anos, foi suspeito de ter usado doping para ter a mais vitoriosa carreira da história do ciclismo, incluindo a conquista da Volta da França por sete vezes. E ao longo de todo este período, ele negava com o forte argumento de nunca ter sido pego nas dezenas de exames aos quais foi submetido.

O cenário começou a mudar no ano passado quando uma série de membros de sua equipe de ciclismo depuseram para a Agência Internacional Antidoping (Wada, na sigla em inglês) acusando Armstrong de ter se dopado. Com todos os seus títulos retirados e banido do esporte, o ciclista insistia na mentira até a noite de segunda-feira.

Com a confissão, Armstrong, banido do esporte, espera poder voltar a competir tanto no ciclismo como também no triatlo. Segundo a Wada, sua pena somente será reduzida se ele fizer a confissão sob juramento.

A Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA, na sigla em inglês) afirmou que o esquema implementado pela equipe U.S. Postal Service, liderada por Armstrong, "foi o mais sofisticado, profissional e bem sucedido programa de doping da história do esporte".

Sobrevivente de câncer no testículo, Armstrong fundou a Livestrong, que arrecadou dezenas de milhões dólares para serem aplicados no combate à doença e virou referência internacional.

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