"É que nem a Fórmula 1. Dessa vez, não acertamos o carro. Dessa vez, erramos a mecânica. É tentar corrigir alguns detalhes para o ano que vem e, por agora, apertar um parafuso ou outro. No geral, o carro vai ser o mesmo daqui a três dias." Foi dessa maneira que Cesar Cielo, 28, resumiu seu sexto lugar na final dos 50 m borboleta no Mundial de Kazan, nesta segunda-feira (3). Ele tentava o tricampeonato da prova.
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Com a marca de 23s21, ele ficou bem atrás do campeão, o francês Florent Manaudou (22s97) e do compatriota Nicholas Santos (prata, com 23s09).
O resultado da final não teve nada de surpreendente. Entre domingo (2) e a decisão desta segunda, parecia um carro desgovernado se comparado com seus resultados de antes.
Primeiro, sofreu para passar das eliminatórias. Depois, fez apenas o oitavo tempo das semifinais. Depois de ambas, sustentou o discurso de que não se sentia bem e tinha uma lesão no ombro, que foi em parte mantido nesta segunda.
"A prova não encaixou. Não estou nadando bem, não. Esse tempo eu mando em qualquer campeonato no Brasil. Eu não fiz minha parte. Já nadei várias vezes abaixo do tempo do campeão da prova. É decepcionante. É um pouco triste saber que eu tinha chance de repetir a medalha de ouro", afirmou ele, que também se ausentou do revezamento 4 x 100 m no domingo.
Conformado, ele disse que reduziu e muito sua expectativa para os 50 m livre, sua especialidade, cujas eliminatórias ocorrerão na sexta-feira (7). O brasileiro detém o tricampeonato mundial da distância.
"Com relação à performance, é difícil [melhorar para os 50 m livre]. Não está saindo. Vou tentar ficar tranquilo agora. É um dia de cada vez. Não é onde eu gostaria de estar. O único lado bom desta história toda é que ainda não estou nessa situação no Rio de Janeiro [nos Jogos Olímpicos de 2016]. Agora é aprender com essa situação para chegar melhor", prosseguiu.
Cielo indicou que houve erros na preparação durante a temporada. Citou, por exemplo, a dificuldade em ganhar velocidade, o que antes era seu trunfo. "Desde o começo do ano estou nadando os mesmos tempos. Fiz 23s2 [nos 50 m borboleta] em outros torneios e agora de novo. Não tive a evolução necessária para chegar ao Mundial."
Quando conquistou seus títulos mundiais nos 50 m borboleta, em Xangai-2011 e Barcelona-2013, o paulista obteve tempos bem melhores -23s10 e 23s01, respectivamente.
Ele disse se sentir com "70% ou 80%" de sua capacidade e que "não fez sua parte". "Mais do que perder a prova, eu não fiz o que sei fazer. Agora já foi. Não tem como voltar no tempo. Não tem muita lição a tirar. Agora é corrigir isso para os 50 m livre", comentou.
Desacreditado para os 50 m livre, ele disse que pretende descansar mais após o término do Mundial de Kazan. "Alguma coisa que não é muscular aconteceu. Pode ser um cansaço mental."
Cielo optou por não participar do Pan de Toronto para se dedicar ao Mundial. Rumou para Eindhoven, na Holanda, com seu técnico, Arilson Silva. Lá, fizeram a preparação final para a competição. Também não foram para Rio Maior, em Portugal, onde o restante da delegação brasileira se preparou.
A lapidação, porém, não surtiu o efeito desejado. "Quando chegamos na competição, não há muito o que fazer. Quem treinou, treinou, quem não treinou não tem mais o que fazer. Agora é hora que a cabeça tem de estar tranquila", concluiu.
