Vela

Amyr Klink programa última expedição à Antártida

Velejador pretende voltar ao continente gelado no fim do ano

Luana Ponsoni
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Luana Ponsoni
Publicado em 25/09/2016 às 9:42
Alexandre Gondin/JC Imagem
Velejador pretende voltar ao continente gelado no fim do ano - FOTO: Alexandre Gondin/JC Imagem
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É impossível mencionar o nome do velejador paulista Amyr Klink, de 61 anos, sem fazer uma conexão imediata com a Antártida. A sua primeira expedição, em 1986, deu início a outras 41 travessias até o continente gelado. Mas as visitas do brasileiro ao local que ele mesmo batizou como “quintal de casa” podem estar bem próximas do fim. Depois de participar da 28ª edição da Regata Internacional Recife – Fernando de Noronha, que teve largada ontem, no Marco Zero, Amyr está programando uma viagem de despedida às geleiras. O barco utilizado será o Paratii 2, idealizado, sobretudo, para esse tipo de travessia e com o qual o velejador partiu em direção a Noronha.

“Está ficando muito caro para mim ir para a Antártida. Hoje a exigência é muito maior. Tem gente que acha que é um lugar livre, mas não é bem assim. A exigência legal é muito grande, o que encarece demais. Mas estamos programando, talvez, para o fim deste ano, com as meninas (ele tem três filhas)”, disse.

A ideia é percorrer uma rota totalmente inédita, até mesmo para o experiente velejador. O plano é sair de Parati (RJ), onde ele mora, em direção às Ilhas Malvinas, passando pela Geórgia do Sul, até chegar à península antártica pelo lado contrário. “Seria diferente porque seria contra tudo, mas o Paratii 2 anda bem contra o vento. Navegaremos pelo mar de Weddell, um mar difícil, mas, nos últimos anos, eu tenho passado por lá com outros barcos e percebi que o nosso é mais apropriado. Eu entro nos lugares rasinhos, o gelo encalha e eu estou protegido”, comentou.

Sua expedição mais famosa ao continente antártico aconteceu em 1989. A bordo do veleiro Paratii, antecessor do barco atual, Amyr passou 22 meses navegando sozinho e chegou a ficar sete meses encalhado na Antártida. Na aventura, ele também chegou ao pólo Norte. O projeto deu origem a um de seus cinco livros: Paratii entre dois pólos.

O Paratii foi aposentado no ano 2000, quando o velejador finalizou o projeto do Paratii 2, em seu próprio estaleiro. “O primeiro era um veleiro convencional. Eu era um total ignorante no universo dos barcos e queria fazer um para ficar dois anos viajando e um ano preso na Antártida voluntariamente. Mas, na época, eu não tinha muita ousadia para inovar no projeto. O Parattii 2 é tudo aquilo que a gente imaginou de solução para simplificar, dar mais autonomia e tonar mais eficiente. É uma embarcação parruda, com autonomia para ir a lugares remotos”, explicou.

PERRENGUE

Nas diversas viagens ao continente gelado com o barco atual, Amyr Klink já passou por alguns sustos, como bater em pedras. Mas nenhuma experiência foi tão tensa para o velejador quanto quando ele e a esposa, Marina, resolveram viajar com as três filhas, as gêmeas Tamara e Laura, além da caçula Marininha, pela primeira vez. “Eu queria muito, mas eu tenho medo de perder o tripulante. E isso é algo que todos os meus amigos que navegam ou operam na Antártida já passaram. Definitivamente, essa é uma experiência que eu não quero ter. Ter levado filhos de outras pessoas também foi apavorante. Eu comprei coleiras de cachorro. Tinham oito ou nove meninas no barco. Marina, minha mulher, falou que eu não ia botar aquilo nas crianças. E eu falei que ia, que ia enforcar um pouquinho (risos), mas ninguém ia cair na água. No final, foi maravilhoso”, relatou.

A distância entre Parati e a Antártida é de aproximadamente 7,5 mil quilômetros. Em todas as suas expedições ao continente, Amyr Klink já percorreu cerca de 630 mil quilômetros.


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