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Megaescândalo de corrupção atinge o esporte brasileiro

O Maracanã conta com uma série de acusações de superfaturamento para sua renovação, que custou R$ 1,2 bi

Wladmir Paulino
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Wladmir Paulino
Publicado em 14/04/2017 às 17:53
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O Maracanã conta com uma série de acusações de superfaturamento para sua renovação, que custou R$ 1,2 bi - FOTO: Foto: Divulgação.
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O megaescândalo de corrupção brasileira também afeta o mundo do esporte, salpicado por acusações em série sobre as construções de seus estádios para o Mundial-2014 e os Jogos Olímpicos do Rio-2016.

A últimas revelações apareceram após as explosivas confissões da empreiteira Odebrecht que, acusada de formação de quadrilha com outros grandes grupos para combinar resultados de licitações públicas, foi onipresente na construção das instalações esportivas dos grandes eventos que o Brasil recebeu nos últimos anos.

"Sem nós, não teria Copa do Mundo nem Olimpíadas. Não teria nada", afirmou Marcelo Odebrecht, ex-presidente da companhia condenado a 19 anos de prisão.

"Lamentavelmente, não surpreende que obras dessa envergadura tenham também participação de comissões, propinas e toda essa artimanha política lamentável que a gente vive no cotidiano", revela Ricardo Ferreira Freitas, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) especializado em grandes eventos esportivos.

"Na verdade, é até meio evidente porque, como são obras de grande porte, é muito mais fácil haver desvios nesse tipo de situação, porque são obras longas, que envolvem vários atores e muito dinheiro", explica.

Deprop

Segundo o jornal Estado de São Paulo, as confissões permitem identificar irregularidades na construção de pelo menos 12 estádios usados no Mundial.

A Odebrecht construiu, entre outras coisas, o Parque Olímpico. A Vila Olímpica também foi feita pela empreiteira, mas menos de 10% dos 3.600 apartamentos foram ocupados.

Para conseguir melhores contratos, a direção do grupo não economizou recursos.

A companhia mantinha um departamento de contabilidade dedicado especialmente a comprar o serviço de políticos: o "serviço de operações estruturadas", mais conhecido como "departamento dos propinas" (Deprop).

Cada pagamento ficava registrado em uma contabilidade informatizada, na qual cada político tinha um apelido irônico.

Entre eles, o ex-prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes, conhecido como "nervosinho". Paes foi "recompensado pelo interesse por facilitar contratos vinculados com os Jogos Olímpicos", de acordo com um ex-dirigente da Odebrecht.

A empresa garante ter pago "ao menos 15 milhões de reais" em 2012, durante sua campanha de reeleição.

O ex-prefeito, que carregou orgulhoso a bandeira olímpica durante a cerimônia de encerramento das Olimpíadas, no Maracanã, nega e avalia as acusações como "absurdas".

O templo do futebol brasileiro conta com uma série de acusações de superfaturamento para sua renovação, que custou 1,2 bilhões de reais mais do dobro orçado inicialmente.

Segundo informe do Tribunal de Contas do Rio, só o cimento custou três vezes mais do que o valor de mercado, provocando um excesso de gasto de 23 milhões de reais.

Jantar com Ronaldo

Outro caso emblemático é a Arena Corinthians, estádio da primeira partida da Copa do Mundo 2014.

Na confissão filmada, Marcelo Odebrecht explicou que o modo de financiamento das obras foi fechado de maneira informal, durante um jantar em sua casa, em 2011.

Entre os que participaram do encontro estavam o governador e o prefeito de São Paulo, assim como Ronaldo, ex-jogador de futebol que pendurou as chuteiras no Corinthians.

"Levaram o Ronaldo para dar importância ao evento", indicou.

Odebrecht se envolveu com o projeto supostamente a pedido do ex-presidente Luiz Inacio Lula da Silva, torcedor fanático do clube.

Lula enfrenta acusações relacionadas com o escândalo da Petrobras, que chegaram a aliados do atual presidente Michel Temer. Mais de 2 bilhões de dólares foram desviados da empresa estatal.

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