NATAÇÃO

Federação Aquática aumenta taxa de adesão e gera polêmica no Estado

Reajuste pago pelos atletas foi de 150%

Luana Ponsoni
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Luana Ponsoni
Publicado em 05/03/2018 às 11:18
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Reajuste pago pelos atletas foi de 150% - FOTO: Divulgação
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A Federação Aquática Pernambucana (FAP) tem recebido uma série de críticas e reclamações desde o dia 8 de fevereiro, quando divulgou o novo preço da taxa de adesão dos atletas. Na ocasião, a entidade emitiu uma circular para informar que o encargo deixaria de custar R$ 90 e passaria a R$ 220 no pagamento à vista, sofrendo um reajuste de quase 150%. Como os clubes costumam repassar esse custo aos pais dos atletas, famílias com mais de um filho se viram obrigadas a desembolsar valores elevados, ainda que haja descontos, para garantir que ninguém deixe de participar de torneios oficiais.

“Soubemos do aumento na apresentação do novo técnico (preferiu não dizer o clube) e das atividades da natação deste ano. Aproveitaram para jogar esse assunto. Todos os pais foram pegos de surpresa. Imediatamente o sentimento foi de revolta. Não tivemos a presença da federação para explicar o porquê. A justificativa que chegou para nós foi que seria em razão da federação ter conseguido um patrocínio e que precisaria de uma contrapartida, de ter um dinheiro em caixa para que o valor (do patrocínio) fosse repassado”, explicou José Magalhães, que tem um filho no esporte.

O patrocínio em questão foi obtido pela FAP em 2017, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Com o projeto Time Aquático, a entidade obteve, via Gatorade/Ambev, um benefício de R$ 477.369,38, de acordo com números da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco. Esse montante vai beneficiar 90 atletas e 10 técnicos da natação, maratona aquática, nado sincronizado e polo aquático. Graças ao aporte financeiro, eles terão acesso a passagens, hospedagem e alimentação em torneios regionais, nacionais e também internacionais.

“Com essa lei, há certas exigências que a gente tem de tomar para atingir todos os critérios, em termos de prestação de contas, em termos de... várias coisas. Como dessa primeira vez a gente não conseguiu nada para a federação e a federação não tem nenhuma contribuição oficial de nada, a gente só vive das inscrições dos clubes. Então, tivemos de aumentar a arrecadação. Infelizmente, a realidade é essa, os clubes também estão em situação complicada. E o que eles fazem? Passam isso para os pais. Mas a federação não tem dinheiro para suportar esses encargos novos”, explicou o diretor executivo da FAP, Marcelo Falcão. O árbitro internacional de natação está à frente da entidade para atender uma convocação dos clubes. As agremiações temiam que um desconhecido assumisse o comando da FAP, no momento em que há um importante aporte financeiro, após as recentes renúncias do presidente e do vice.

PREOCUPAÇÃO

Apesar da justificativa da federação para o reajuste da taxa de adesão, muitos pais ainda se preocupam com o fato de atletas serem obrigados a deixar de competir. “Para mim, que estou chegando este ano com a minha filha, achei caro. Claro, com certeza. Agora imagina o pessoal mais humilde? Pesa bem mais”, afirmou André Felipe Lins. “A preocupação não é só com os nossos filhos. Com esse aumento, a federação está fazendo por onde afastar os atletas, principalmente os que não têm uma condição financeira boa. Eu bati muito de frente, mas paguei porque meu filho quer muito continuar. Seria uma pena tirá-lo de um esporte que também educa e faz crescer como ser humano”, comentou Sandra Gláucia.

Para tentar atenuar as dúvidas e questionamentos, a FAP pretende agendar visitas aos clubes nas próximas semanas. “Nesta semana, já fomos ao Sport e fomos muito bem recebidos. Foi tudo mais tranquilo”, contou Marcelo Falcão.

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