Nas ruas, antes do jogo, os bares e as paradas de ônibus no caminho do estádio já davam ideia de que não seria um dia comum na cidade. E a Avenida Beberibe, como de costume em dias de decisão, se tornou um mar em três cores.
Bastou o ônibus apontar de longe, junto com as sirenes dos batedores. Gente de toda idade, de toda cor e credo se misturou em uma só massa sincronizada para cantar em apoio aos jogadores. Foi difícil achar espaço. Todos queriam tocar o veículo, como símbolo de devoção. Todos queriam fazer parte daquele movimento, como se fossem levar o time nas costas até o gramado.
No desembarque, mais festa, cantos de incentivo e idolatria aos líderes do elenco. Alguns torcedores mais entusiasmados não conseguiram conter a emoção e foram às lágrimas. Era um dia especial e todos ali sabiam disso.
Apesar da festa, do outro lado do estádio, na Avenida Canal, o choro tinha uma outra natureza. O bloqueio organizado pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar na entrada do portão nove provocou tumulto, contido com spray de pimenta e balas de borracha. Um contraste recorrente em jogos de grande presença do público.
Lamentações à parte, dentro do estádio o clima de confraternização era ainda mais evidente. Por mais que um ou outra opinião fosse divergente, o peso de jogo decisivo deixava de lado a vontade de ganhar ‘no grito’ algum debate com o colega ao lado.