AÇÃO NA JUSTIÇA

Ex-vice-presidente do Sport cobra mais de R$ 600 mil do clube na Justiça

Advogada de Laércio Guerra sugere que o valor da negociação envolvendo Joelinton seja bloqueado para pagamento de dívidas

Filipe Farias
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Filipe Farias
Publicado em 08/08/2019 às 19:43
Foto: Williams Aguiar/ divulgação
Advogada de Laércio Guerra sugere que o valor da negociação envolvendo Joelinton seja bloqueado para pagamento de dívidas - FOTO: Foto: Williams Aguiar/ divulgação
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A diretoria do Sport tem mais uma ação judicial pesada para administrar e tentar resolver. O ex-vice-presidente de futebol rubro-negro, Laércio Guerra, entrou na Justiça para receber o valor de R$ 519.500,00 que emprestou ao clube no ano passado. Adicionado os honorários advocatícios, juros e quebra de contrato, o valor da ação está em R$ 658.555,78 (seiscentos e cinquenta e oito mil quinhentos e cinquenta e cinco reais e setenta e oito centavos).

Em entrevista exclusiva a reportagem do SJCC, Laércio Guerra afirmou que também fez empréstimo ao clube em nome de sua empresa - na época, IBGM, e atualmente UNIBRA. "Eu emprestei pessoalmente algo perto de R$ 700 mil na pessoa física. E fiz um empréstimo em torno de 2,5 milhões. Com esse valor foi pago quase duas folhas de atletas e o salário de Milton Mendes, além de premiação dos atletas no final do ano passado. Essa ação foi impetrada na minha pessoa e tem uma outra em nome da pessoa jurídica, que fizemos empréstimo a instituição Sport", contou o empresário.

No mês de fevereiro, o atual vice-presidente executivo do Sport, Carlos Frederico, fez uma apresentação à imprensa mostrando alguns números do clube e como a nova direção - eleita em dezembro - encontrou as finanças do Leão. E, em um dos power points apresentados pelo dirigente, constava os nomes de Laércio Guerra (R$ 519.500,00) e da IBGM (R$ 3.048.768,00) no slide dos empréstimos que o Sport recebeu na temporada passada - o próprio Milton Bivar apareceu na lista (emprestou R$ 400 mil).

"Conversei com Milton (Bivar). Foi uma conversa cordial. Não existe nenhum questionamento sobre esses valores, pois tudo foi feito com transferências bancárias. O Sport recebeu os valores. Teve contrato assinado. Não tem dúvida sobre o processo. Isso foi uma conversa inicial, mas não caminhou. Como tinha contrato vigente até o mês de junho e não recebi nenhum feedback, então movi a ação para receber do clube o que tinha de direito. Não é ação para discutir valores. O Sport confessou que me deve, recebeu (os empréstimos) e foi para a conta do clube", falou Laércio.

Segundo consta no processo de Execução de Título Extrajudicial que o JC teve acesso, a confissão de dívida do Sport foi assinada pelo ex-presidente do clube, Arnaldo Barros, e pelo ex-presidente executivo, Gustavo Dubeux. A advogada Gisele Martoreli, que está defendendo o caso de Laércio Guerra, chega a indicar no processo que um "novo ativo passível de penhora, considerando a recente divulgação de que o ora Executado receberá expressivo valor milionário pela venda de um dos seus jogadores a um clube inglês, Newcastle United". No caso, o jogador citado é Joelinton - o Sport tem direito a 2,25% do valor total da transferência, algo entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões.

"Entrei na Justiça para o Sport se posicionar quanto ao pagamento. É uma situação semelhante que fez Magrão. Agora eles vão chamar minha advogada para tentar ajustar como fazer o pagamento. Se for o caso de eu abrir mão de qualquer coisa ou dividir. Mas preciso de uma posição do clube", declarou Laércio.

Se a Justiça acatar, pode bloquear a verba que o Sport teria a receber da negociação envolvendo Joelinton. A reportagem do Jornal do Commercio entrou em contato com o departamento jurídico do Sport, que informou que "o clube ainda não foi notificado e que só vai se pronunciar quando receber a notificação da Justiça".

NOTA

Diante das notícias veiculadas na tarde desta quinta-feira (8) sobre os documentos referentes ao processo impetrado ao Sport Club do Recife pelo ex-vice-presidente da equipe Laércio Guerra (gestão Arnaldo Barros), o empresário vem a público esclarecer a história com detalhes.

No último trimestre de 2018, por enfrentar atrasos em alguns pagamentos que estavam previstos, o Sport Club do Recife beirava atrasar salários e outras obrigações do time. O empresário Laércio Guerra, à época vice-presidente, concedeu empréstimos de sua pessoa física e da empresa da qual é proprietário. Esse montante ultrapassou R$ 3 milhões.

O contrato de empréstimo e de confissão de dívida foi todo legalizado, e os valores repassados foram totalmente dentro do permitido em lei. Na ocasião, o contrato de confissão de dívida foi assinado por ambas as partes. Inclusive, os comprovantes de transferências bancárias estão em posse do exequente.

Quando o atual presidente do clube, Milton Bivar, assumiu o comando do time e, após fazer auditoria e conferir a legalidade das transações e contas do Sport, chegou a convidar Laércio para uma conversa para tratar a forma de devolução desse valor, previsto contratualmente até o final do primeiro semestre de 2019.

Todavia, a conversa, apesar de amistosa, não progrediu e, necessitando de um retorno, as advogadas representantes de Laércio Guerra executaram os contratos, esperando receber do clube um retorno sobre as tratativas de devolução do valor emprestado.

É importante salientar que Laércio Guerra é representado pela advogada Gisele Martorelli e não pelo escritório do advogado João Humberto Martorelli, como alguns veículos de imprensa noticiaram.

Gisele Martoreli é ex-sócia do escritório de João Humberto Martorelli, não possuindo mais nenhum vínculo societário com o mesmo há cerca de 10 anos. E já possui o seu próprio escritório MARTORELI FAMIÍLIA E SUCESSÕES.

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