Após sensibilizar autoridades da Bahia e de Pernambuco, o caso de dois irmãos gêmeos pernambucanos que foram espancados por um grupo de homens em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador, por terem sido confundidos com homossexuais, provocou mobilização nacional. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, enviou ontem ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e à ministra da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (SEDH), Maria do Rosário Nunes, solicitando que o governo federal acompanhe as investigações do crime, que resultou na morte de um dos irmãos, José Leonardo da Silva, 22 anos.
Ophir explicou que o episódio pede um envolvimento das autoridades nacionais, para que este caso sirva de exemplo para evitar manifestações futuras de intolerância. “Para além das medidas adotadas por Bahia e Pernambuco, a OAB entende que é necessário que o governo federal entre na situação. Um crime como esse precisa de uma didática postura de correção por parte do Estado brasileiro, que não pode mais permitir esse tipo de preconceito e atentado à dignidade humana”, afirmou, por telefone ao
Segundo ele, o objetivo da OAB é que a Polícia Federal seja colocada à disposição da Polícia Civil para ajudar na apuração do crime. Ophir evitou falar em federalização das investigações: “Vamos dar tempo para a polícia baiana fazer seu trabalho”.
Anteontem, o governador Eduardo Campos telefonou para o colega baiano, Jaques Wagner, pedindo atenção especial nas investigações. Por ordem de Eduardo, o secretário-executivo de Defesa Social, Alessandro Carvalho, embarcou ontem para Salvador para acompanhar os trabalhos. A reação ocorreu após a Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB cobrar providências a Eduardo.
José Leonardo e José Leandro voltavam abraçados de uma festa junina em Camaçari no domingo, quando foram abordados por oito homens armados com facas e pedras. Eles teriam pensado que os gêmeos eram um casal gay. Leonardo reagiu e foi atingido na cabeça por um paralelepípedo. Leandro foi levou socos e pontapés, tendo o maxilar quebrado em três lugares. A família deles é de Ibimirim (PE). Sete suspeitos foram presos, mas apenas três acabaram autuados.
RIO DE JANEIRO
Também ontem, um adolescente de 15 anos, homossexual, foi brutalmente assassinado. O corpo de Lucas Ribeiro Pimentel foi encontrado boiando no Rio Paraíba do Sul, em Volta Redonda. O jovem foi vítima de latrocínio, mas, conforme a Polícia Civil, o crime também teve motivação homofóbica, uma vez que Pimentel levou pauladas, foi empalado e teve os dois olhos furados.