SÃO PAULO

Estudante negra e pobre é aprovada em 1º lugar em medicina na USP

Bruna Sena, 17 anos, comemorou a conquista em uma rede social com a seguinte frase: ''A casa-grande surta quando a senzala vira médica''

JC Online
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Publicado em 06/02/2017 às 9:33
Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Bruna Sena, 17 anos, comemorou a conquista em uma rede social com a seguinte frase: ''A casa-grande surta quando a senzala vira médica'' - FOTO: Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
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Aos 17 anos, uma jovem negra, pobre e estudante da rede pública foi aprovada em 1º lugar no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a área é a mais concorrida na seleção da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest). Bruna Sena comemorou a conquista em uma rede social com a seguinte frase: "A casa-grande surta quando a senzala vira médica" em uma rede social. As informações são da Folha de S. Paulo.

A mãe da estudante, Dinália Sena, 50, operadora de caixa de supermercado que sustenta a casa desde que Bruna tinha 9 meses e o pai foi embora, destacou o esforço empregado na educação da filha. "Tudo na nossa vida foi com muita luta, desde que ela nasceu, prematura de sete meses, e teve de ficar internada por 28 dias. Não tenho nenhum luxo, não faço minhas unhas, não arrumo meu cabelo. Tudo é para a educação dela", disse à Folha de S. Paulo.

Embora esteja alegre com a aprovação, ela  tem medo de que a filha sofra algum tipo de preconceito na universidade. "Por favor, coloque no jornal que tenho medo dos racistas. Ela vai ser o 1% negro e pobre no meio dos brancos e ricos da faculdade", afirmou.

Bruna acredita que será bem recebida no ambiente universitário e defende a manutenção das cotas."Claro que a ascensão social do negro incomoda, assim como incomoda quando o filho da empregada melhora de vida, passa na Fuvest. Não posso dizer que já sofri racismo, até porque não tinha maturidade e conhecimento para reconhecer atitudes racistas".

"Alguns se esquecem do passado, que foram anos de escravidão e sofrimento para os negros. Os programas de cota são paliativos, mas precisam existir. Não há como concorrer de igual para igual quando não se tem oportunidade de vida iguais", explicou.

Jovem aprovada em 1º lugar de medicina quer ajudar os mais pobres

A jovem ainda não sabe que especialidade deve seguir, mas já tem certeza de que quer ajudar as pessoas mais pobres. "Claro que não sei ainda qual especialidade pretendo seguir, mas sei que quero atender pessoas de baixa renda, que precisam de ajuda, que precisam de alguém para dar a mão e de saúde de qualidade", disse.

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