Rio de Janeiro

PF cumpre madados contra desvios no transporte público do RJ

PF cumpre na manhã desta segunda-feira (5) três mandados de prisão no RJ pela Operação Ponto Final

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Publicado em 05/07/2017 às 7:58
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PF cumpre na manhã desta segunda-feira (5) três mandados de prisão no RJ pela Operação Ponto Final - FOTO: Foto: Agência Brasil
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Atualizada às 11h19

A Polícia Federal cumpriu na manhã desta quarta-feira (5) uma nova fase da Operação Ponto Final, no Rio de Janeiro. Nesta fase, a PF tem como objetivo cumprir quatro mandados, sendo três de busca e apreensão e uma de condução coercitiva. 

Em nota divulgada pela Polícia Federal afirma ter cumprido as ordens judiciais envolvidas nas ações desta quarta-feira, em continuidade à Operação Ponto Final. Segundo a PF, os três mandados de busca e apreensão e o de condução coercitiva foram cumpridos.

Durante a ação, um homem foi detido em seu apartamento em Ipanema, na zona sul da cidade, onde foram apreendidos US$ 9 mil e R$ 3 mil em espécie, além de computadores. Ele foi levado para a sede da Polícia Federal, na Praça Mauá, onde presta depoimento. A PF não divulgou o nome.

Na segunda-feira (3), a operação acabou com a prisão de dez pessoas ligadas ao transporte público no Estado. Os dez passaram a segunda-feira na cadeia pública José Frederico Marques, no centro do Rio. Dentre os detidos estava o empresário Jacob Barata Filho, preso na noite de domingo (2) no aeroporto Internacional Galeão quando tentava embarcar para Portugal. Também foram cumpridos trinta mandados de busca e apreensão.

Durante as investigações, foi possível identificar vários núcleos e operadores financeiros da organização criminosa. Nos depoimentos prestados ao Ministério Público Federal, foram confirmados os pagamentos de propinas nos moldes dos realizados pelas empreiteiras, só que dessa vez no setor de transporte público - com o objetivo de garantir tarifas e contratos com o Governo do Estado do Rio.

As investigações contaram com depoimentos prestados em sede de colaboração premiada, que detalharam a forma como era feita a custódia do dinheiro em espécie em transportadoras de valores para a posterior distribuição de propina a políticos e agentes públicos. Por meio de documentos e planilhas com registros da distribuição de propina entregues, os colaboradores permitiram identificar a estrutura montada pelas empresas de ônibus e Fetranspor para obter vantagens indevidas nos contratos públicos firmados.

De acordo com as investigações, entre 2010 e 2016, Sérgio Cabral recebeu R$ 122,85 milhões. Já Rogério Onofre, ex-presidente do Detro, recebeu R$ 44,1 milhões em propinas pagas pelas empresas de ônibus. José Carlos Lavouras, presidente do conselho da Fetranspor, teria recebido R$ 40 milhões, em três contas. 

Esquema

De acordo com as investigações da PF e do Ministério Público Federal, empresários são acusados de desviar até R$ 500 milhões sob o comando do ex-governador Sérgio Cabral. O esquema envolvia agentes públicos, políticos e representantes de órgãos responsáveis por fiscalizar o transporte público e também empresários do setor. 

Luiz Carlos Bezerra, apontado pelos investigadores como operador financeiro de Sérgio Cabral, confessou voluntariamente que recolhia propina na sede da empresa Flores em São João de Meriti Bezerra admitiu também que codinomes como "Jardim", "Flowers" e "Garden" constantes de anotações de contabilidade feitas em agendas, apreendidas durante a deflagração da Operação Calicute, em novembro de 2016, eram referentes à Companhia Viação Flores, cujo sócio administrador é o empresário José Carlos Reis Lavouras - sócio também de mais 13 empresas ligadas ao ramo de transporte. Lavouras também figura como membro do Conselho de Administração da Riopar Participações SA (Bilhete Único e Riocard) juntamente com o empresário Jacob Barata Filho (na condição de presidente) e Lélis Marcos Teixeira (como secretário da mesa apuradora).

Para o Ministério Público Federal, o esquema de corrupção encontra-se organizado a partir de quatro núcleos básicos: núcleo econômico, formado pelos executivos das empresas organizadas em cartel; o núcleo administrativo, composto por gestores públicos do governo do Estado, os quais solicitaram/receberam propinas; núcleo operacional cuja principal função era promover a lavagem de dinheiro desviado; e núcleo político, integrado pelo líder da organização Sérgio Cabral.

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