Segundo a crença popular, as melhores estão debaixo da terra. O recomendado é que devemos morar tão longe a um ponto de ela não conseguir chegar com malas. Contudo, para outras pessoas, ela chega a ser um anjo encarnado, que ajuda nos momentos mais difíceis da vida. A verdade é que, neste dia 28 de abril é comemorado o dia da sogra e que, segundo diversos especialistas, essa personagem, querendo ou não, é destaque na relação de um casal. Não se sabe a origem da data, porém várias histórias misturam uma homenagem a ‘segunda mãe’ às piadas que envolvem o marido ou a esposa.
Em uma suposta lenda conta que, em 1957, um britânico trabalhava como industrial no Brasil e sonhava em ter um zoológico em casa e na sua coleção de animais, incluiu a cobra sucuri. Contudo, ele conseguiu levar o perigoso animal para sua residência, mas não conseguia pronunciar o nome ‘sucuri’ corretamente. Após cinco anos, o presidente do Brasil na época realizou um café da manhã especial e convidou os seus funcionários para a ocasião. Para o momento, o presidente pediu que levasse suas esposas e sogras, o funcionário não entendeu e levou a sua cobra de estimação. Assim, a data (28 de abril) ficou conhecida como Dia da Sogra.
Outra teoria foi durante o mandato do presidente Juscelino Kubitschek, que o próprio teria sido o criador da celebração, no momento em que os servidores recebiam seus salários em atraso. O papel da sogra neste momento era quando o salário não chegava, a sogra ficava responsável por salvar a família no momento de dificuldade financeira.
Para buscar entender o porquê da sogra ser tanto criticada e vista como um 'fardo', ela já virou um objeto de pesquisa. O estudo realizado pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, comprovou que os homens que replicam as frases contra sogra para arrancar risadas têm relações melhores do que as mulheres com as mães de seus maridos e namorados. A psicóloga inglesa Terri Apter foi a coordenadora da pesquisa e analisou o comportamento de 156 pessoas - 49 esposas, 40 maridos, 49 sogras, 18 sogros e 10 enteados. O resultado mostrou as mulheres reclamavam mais das sogras, do que os homens, diante a mesma situação.
Bom relacionamento
Relacionamentos bem resolvidos somam boas histórias. E diferentemente do que se possa imaginar, eles se dão muito bem com as mães dos seus parceiros e avisam de antemão que não existem problemas que não possam ser resolvidos com uma boa conversa.
Há quase dois anos na família, o estudante de Contábeis Albérico Oliveira, de 20 anos, conquistou a sogra muito rapidamente. Qual seria o motivo? Já chegou com um sorriso aberto. "Logo de cara gostei dele. Ele é uma pessoa maravilhosa, um menino de ouro, e que todos da família passaram a gostar e ter uma carinho enorme por ele. Afinal de contas, ele está namorando a minha filha, que é a minha vida", conta a enfermeira Gerusa Barros, que hoje é sogra de Albérico.
Albérico lembra que não demorou muito para conhecer Gerusa e que o local do encontro foi um lugar não marcado. "Lembro que o nosso encontro foi no aeroporto, um lugar não muito comum para conhecer a sogra, mas as grandes relações começam assim: em lugares nada comuns", conta Albérico, entre risos.
A situação de harmonia com a sogra se repete com a estudante de Ciências Biológicas Ana Flávia Araújo, de 21 anos. "Mesmo só tendo conhecido ela após 3 meses, porque eu e meu namorado queríamos firmar um compromisso sério e depois conhecer a família. Temos uma relação amigável, com opiniões parecidas sobre diversas circunstâncias", contou Ana.
O assunto ‘relacionamento com a nora’ é tão polêmico que é até difícil encontrar alguém que aceite falar sobre isso, com receio de se comprometer. No entanto, a sogra Rosângela Novaes, de 62 anos, concorda e confirma que um dos motivos do bom relacionamento é a ausência de brigas. "O nosso relacionamento é muito bom, raramente brigamos e conversamos demais", conta.
E para não dizer que isso é só história dessa geração, o servidor Flávio de Miranda Oliveira confirma que há mais de 30 anos a sua relação com sua sogra é a melhor possível. "É uma das pessoas que, ao longo da minha vida, tem um grande significado para mim. Eu a conheci no ano de 1984, logo no início do meu namoro, e desde aquele então tive um carinho muito grande por ela", disse Flávio.
Segunda mãe
Não tão raras e contrariando os ditos populares, as boas sogras estão cada vez mais se adaptando aos novos tempos, se tornando mais abertas, ou seja, uma verdadeira segunda mãe. O mesmo conclui Flávio Oliveira, que perdeu sua mãe aos 8 anos de idade e foi após o namoro, noivado e casamento, que encontrou na sua sogra, a dona de casa aposentada Zélia Barros, uma segunda mãe. "Tendo em vista que ela sempre me apoiou, me aconselhou, sempre esteve ao meu lado em momentos de alegria e tristeza", conclui.
É tão importante esse relacionamento que venho tendo com minha sogra há mais de 30 anos que quando meus filhos estavam pequenos, ela e seu esposo vieram morar conosco. E isso foi muito bom, pois Dona Zélia não foi só avó, mas se tornou uma amiga, mãe, orientadora", reconhece.
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Com relação aos seus momentos a sós com a sogra, o estudante de Contábeis conta que se sente muito bem, mesmo sem a presença da namorada. “No pouco tempo que conheci e ainda conheço a família de Ana Flávia, me sinto muito mais a vontade seja numa mesa de jantar, em nossas viagens, assistindo televisão do que quando estava no meu antigo relacionamento que durou quase dois anos e nunca me senti a vontade", afirmou, para emendar logo em seguida: "Me sinto bem com ela, mesmo que minha namorada não esteja presente, mas para mim não existe aquele famoso clima de 'tenso ou pesado' quando ficamos em silêncio", acrescentou.
A sogra disse que Albérico se encaixou perfeitamente no que desejava para a filha. "Eu queria uma pessoa como ele, um menino atencioso, educado, de família. Ele foi um presente de Deus tanto na vida tanto como na nossa. Eu espero que dure para sempre esse namoro. Ele é especial demais".
Harmonia
Quando o assunto é se dar bem com a sogra, especialistas são unânimes: é preciso saber se relacionar e respeitar. Sem isso, o convívio de toda a família é afetado. "O bom convívio com os sogros favorece a boa relação de todos os membros de uma família. É essencial entender que o filho cresceu e que deve respeitar o espaço do outro", salienta a terapeuta familiar e presidente da Associação Pernambuco de Terapia Familiar (APETEF), Lúcia Freire.
Se por acaso a relação não tenha começado bem, a especialista afirma que é importante entender que se tornar sogra é aprender a ser uma convidada, em uma nova família. Outra dica é estabelecer limites, pois muitos dos conflitos, principalmente entre a nora e a sogra, ocorrem por causa de disputas, interferências e diferenças.
Dicas para uma melhor convivência:
A terapeuta Lúcia Freire ainda aconselha e dá orientações simples para manter o bom relacionamento com a sogra:
- Acima de tudo está o respeito. A gente tende a invadir o espaço do outro quando não gostamos;
- Aprender a falar quando se é convidado e calar quando não é perguntado;
- A sogra está ali para ajudar, aconselhar e dar a sua opinião no melhor momento;
- É essencial entender que o filho ou filha cresceu;
- Deixar que os filhos façam suas próprias escolhas;
- O importante é juntar forças em prol do filho ou filha e conviver em um espaço com harmonia.
