Educação

Formadores brasileiros falam das dificuldades de implementação da BNCC

Professores cobram mais diálogo na implementação do documento

Margarette Andrea Margarette Andrea
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Publicado em 21/05/2018 às 15:58
Serjão Carvalho/Divulgação
Professores cobram mais diálogo na implementação do documento - FOTO: Serjão Carvalho/Divulgação
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Profissionais brasileiros apresentaram uma postura bastante crítica sobre a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), durante o Ciclo de Debates em Gestão Educacional: A Formação de Professores no Contexto da BNCC, organizado pelo Itaú Social e pelo Instituto Ayrton Senna, em São Paulo, que reuniu mais de 500 pessoas no auditório da Fecomércio, no dia 8. 

A pedagoga, mestre, doutora em sociologia e pesquisadora Elba Siqueira, da Fundação Carlos Chagas (FCC), declarou que ela “é pouco amigável, tem linguagem difícil, foi feita por especialistas que acham que entendemos de semiótica. Implementá-la será tarefa árdua para estados e municípios".

Elba também se queixou da distância das faculdades da discussão e defendeu que os professores vão precisar passar por uma formação continuada, mas que “não adianta formá-los em larga escala e não ter apoio nas escolas para implementar as inovações”. Destacou ainda que o País teve bons programas de formação, cujos resultados não passaram por avaliações. "Estamos diante de uma nova base, com um grande desafio. Não podemos jogar fora a experiência deste período, como sempre acontece. Os estados, em muitas gestões, fizeram materiais riquíssimos".

FALTA ESTRUTURA

Jana Barros, coordenadora pedagógica das classes de EJA na Rede de Seabra, região da Chapada Diamantina (BA), salientou que junto com a discussão da BNCC é preciso falar das péssimas condições estruturais de muitas escolas, saber da realidade delas. “Há muita gente falando de educação sem ir às escolas. Políticas públicas educacionais precisam ser elaboradas por quem conhece o que se passa em uma sala de aula”, criticou, pedindo mais diálogo.

Mas observou: “Não é porque estamos sem iluminação, sem cadeiras, que não dá para implementar a base, apenas é preciso considerar isso”, ponderou. Ela também defendeu maior planejamento no processo de implantação. “A base nada mais é do que a tentativa de um começo. Do jeito que está não pode ficar. Se vai dar certo ou não só vamos saber fazendo”.

Membro do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) – que preparou um documento para o aperfeiçoamento das políticas de formação continuada de professores à luz da BNCC – Wesley Neves também reforçou a necessidade de escuta e valorização dos professores. Saber de suas necessidades. “O que vemos são professores que fazem mestrado e doutorado e encontram oportunidades melhores em outros lugares”, avaliou.

PERNAMBUCO

Presente ao encontro, o secretário de educação de Pernambuco, Frederico Amâncio, lembrou que por aqui já se definiu em 2014 os Parâmetros Curriculares Estaduais, o que facilitará a implantação da BNCC. “Temos um cronograma de trabalho até 2020. Vamos fazer três versões, analisando cada uma, e começar a implantação em 2019”, afirma. Ele diz que a formação dos 36 mil professores que já estão na rede estadual é um grande desafio. “É um processo, vamos aprimorando. Os investimentos na área são importantes, mas Pernambuco não saiu do 21º para o 1º lugar no Ideb à toa”.


* A repórter viajou a convite do Itaú Social

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