Cerca de 500 pessoas estão envolvidas na força-tarefa que, desde a última terça-feira, 15, vem resgatando as vítimas do desabamento do Edifício Andrea, prédio de sete andares que caiu e já deixou cinco vítimas fatais. Em entrevista coletiva realizada na tarde desta quinta-feira, 17, o comandante do Corpo de Bombeiros à frente do caso, Eduardo Holanda, contou que cães farejadores estão sendo utilizados para encontrar vítimas e que "48 horas é um horário plausível para que se encontre vítimas".
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Uma das mulheres localizadas através de técnicas de cães farejadores é a Maria das Graças. Na hora da busca, Maria não estava dentro de seu apartamento. O cão farejador conseguiu localizá-la, mas o corpo sem vida da mulher segue sob os destroços. Expectativa é que ela seja retirada dos escombros ainda nesta noite.
Contribuições
O comandante Holanda ainda ressaltou a importância do apoio e da contribuição das pessoas neste momento. Dentre os 500 citados acima, nem todos estão envolvidos diretamente no resgate, mas "a comunidade vem contribuindo com apoio e doações". Holanda também disse que os profissionais envolvidos no resgate já têm todo o material necessário para trabalhar, mas agradece a solidariedade.
O desabamento
Um prédio residencial localizado na rua Tibúrcio Cavalcante, no bairro Dionísio Torres, na área nobre cidade de Fortaleza, desabou na manhã dessa terça-feira (15), por volta das 10h30. O edifício de sete andares, identificado como Condomínio Andrea, ficava na esquina da rua Tomás Acioli e estava habitado.
Quinta vítima identificada
A quinta vítima do desabamento do Edifício Andrea, que aconteceu na manhã da última terça-feira, 15, em Fortaleza, foi identificada. Trata-se de Nayara Pinho Silveira, de 31 anos. Ela foi encontrada no início da tarde desta quinta-feira, 17, mais de 48 horas depois do colapso das estruturas do prédio.
"20 minutos sem poder fazer nada"
Já a advogada Rosa Monteiro Bruno, de 37 anos, confundiu o desabamento com uma ventania, inicialmente. "Eu estava no escritório, senti meu prédio balançar e vi uma rede no vizinho voar alto, depois subiu a nuvem de poeira", recorda. Ela mora no 10º andar de um edifício ao lado, com apenas duas casas de separação. E contou ter visto um homem descarregando um caminhão de água mineral bem onde os escombros caíram. "É um misto de angústia e impotência. Foram 20 minutos sem poder fazer nada. Percebemos que até mesmo os bombeiros estavam surpresos."
Fiscalizações em Pernambuco
Pernambuco tem, desde 2006, uma lei que obriga vistorias periciais e manutenções periódicas nas edificações públicas e particulares em todo o Estado. A Lei nº 13.032/2006 foi alterada no ano seguinte pela Lei nº 13.341; modificada em 2008 pela Lei nº 13.575 e finalmente regulamentada pelo Decreto n° 33.747/2009. “É a primeira lei brasileira a tratar dessa obrigatoriedade, mas ainda não é satisfatória”, afirma o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PE), Evandro de Alencar Carvalho.
Segundo ele, o Crea-PE vem mantendo contato com a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para reformar pontos da lei. Uma das sugestões da entidade de classe é a inclusão do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-PE) no Conselho Consultivo que deverá ser formado com representantes da assembleia, Crea, mercado imobiliário, setor da construção civil, OAB, universidades e outras instituições. “O CAU não existia naquela época”, observa. O conselho será um órgão de assessoramento.
Construção irregular
A Prefeitura de Fortaleza informou que não há nenhum registro sobre a construção do prédio Andréa, que desabou nesta terça-feira, 15. Segundo O POVO apurou, a mudança do IPTU, de casa para edifício, só aconteceu em 2013, quando o prédio já havia sido construído há pelo menos duas décadas.
De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), existia uma Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de uma ordem para serviço de recuperação de construções e da pintura do prédio, mas, segundo o presidente do órgão, é possível que o responsável não tenha solicitado ao Poder Público o alvará para realizar a reforma, que seria no valor de R$ 22 mil.