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Retorno de óleo ao litoral do Ceará preocupa especialistas para 2020

De acordo com Rivelino Cavalcante, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), é provável que o petróleo esteja sedimentado no fundo da plataforma continental cearense

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Publicado em 02/01/2020 às 13:39
Foto: Aurélio Alves/O Povo
De acordo com Rivelino Cavalcante, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), é provável que o petróleo esteja sedimentado no fundo da plataforma continental cearense - FOTO: Foto: Aurélio Alves/O Povo
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O ano de 2020 chegou, mas os problemas de 2019 persistem. Na última segunda, 30 de dezembro de 2019, o petróleo voltou ao litoral oeste do Ceará, nos municípios de Itapipoca e Amontada. A ressaca do mar, comum nesta época do ano, pode ter influenciado o retorno do óleo. Em Pernambuco, o material foi encontrado pela última vez no início de novembro de 2019.

De acordo com Rivelino Cavalcante, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), é provável que o petróleo esteja sedimentado no fundo da plataforma continental cearense, onde há alta concentração de carbonato - em especial no Litoral Oeste. Por isso, o petróleo não se dispersa e mantém manchas volumosas.

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Mas as consequências do retorno do petróleo vão além da poluição das praias. Segundo o doutor em Oceanografia Luis Ernesto Bezerra, também professor do Labomar/UFC, espécies de crustáceos, moluscos, esponjas, equinodermos (estrelas-do-mar, ouriços-do-mar etc) e até algas marinhas dependem do assoalho marinho para sobreviver.

As ameaças do petróleo para essas espécies são muitas: elas podem morrer tanto sufocadas, ao serem impedidas de realizar trocas gasosas e de se locomoverem, quanto por contaminação química, interferindo em processos celulares e reprodutivos.

“De imediato, o problema que vejo é que o óleo, caso esteja no fundo, pode afetar toda uma gama de organismos que vivem sobre o solo marinho e são a base do funcionamento de todo o ecossistema marinho”, afirma Luis. As espécies são alimento de peixes, tartarugas e tubarões.

O comércio também pode sofrer com a contaminação: “Como tudo está interligado, pode afetar as espécies de valor comercial diretamente, caso elas se contaminem, quanto indiretamente, já que os organismos são fonte de alimento”, conclui o pesquisador.

Limpeza

Se as suspeitas dos pesquisadores forem confirmadas, o Estado deve enfrentar dificuldade na retirada das manchas de petróleo do fundo do oceano. “Não é uma coisa fácil, ninguém sabe onde [o petróleo] está e a plataforma continental cearense é consideravelmente larga”, explica Rivelino.

Além disso, o professor afirma que seria necessário um estudo de caso de como realizar a limpeza do solo oceânico cearense em virtude da singularidade da plataforma. “Mesmo baseados em outros acidentes do tipo, o nosso ambiente é praticamente novo quanto a isso”, conclui.

A Marinha do Brasil (MB) está responsável pela limpeza das praias recém-afetadas pelo retorno dos resíduos no Ceará. Em nota, o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA) - composto pela MB, pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) - informa o envio de amostras do material para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM).

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