PORTA DOS FUNDOS

Autor do ataque ao Porta dos Fundos disse não estar arrependido e cogita ficar na Rússia

O empresário afirma que está escrevendo um livro para detalhar o atentado ao Porta dos Fundos

JC Online
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Publicado em 24/01/2020 às 17:56
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O empresário afirma que está escrevendo um livro para detalhar o atentado ao Porta dos Fundos - FOTO: Foto: Reprodução/YouTube
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Eduardo Fauzi, que é apontado pela polícia civil do Rio de Janeiro como um dos autores do ataque que aconteceu no ano passado à sede da produtora Porta dos Fundos, está em Moscou, no Oeste da Rússia. Ele fugiu no fim de dezembro. O empresário voltaria ao Brasil na próxima quinta-feira (30), mas já admite a possibilidade de ficar na Rússia. Fauzi disse que não se arrependeu da participação no atentado e afirmou que o especial de Natal da produtora é criminoso.

Para registrar os fatos, Eduardo conta que está escrevendo um livro, no qual narra detalhes do ataque. Pouco antes da expedição do seu mandado de prisão, disse que se sentia como um preso político. No livro, Fauzi vai descrever qual foi o seu papel no ataque, que ele considera como "belo, justo e moral".

Fauzi nega veementemente que tenha atirado coquetéis molotov na sede do Porta dos Fundos, mas revela que sabia, mesmo antes, que eles seriam lançados e que teve uma "participação ativa, mesmo que simbólica" no ocorrido.

Relembre o ataque

O crime que aconteceu no dia 24 de dezembro e foi em resposta ao especial de Natal que o grupo fez e foi exibido pela Netflix. No vídeo, Gregorio Duvivier apresenta o personagem de um Jesus homossexual. O ataque ocorreu por volta das 4h daquele dia.

Rotina de Fauzi

Eduardo Fauzi conta que tem vivido experiências nada agradáveis nos últimos dias e que precisa escrever o livro agora para não perder os detalhes do que tem vivenciado. "Esses últimos eventos têm sido dramáticos. Há toda uma gama de personagens secundários envolvendo a conclusão do ataque ao Porta dos Fundos, traições, derrotas, vitórias e apoios inesperados. Preciso escrever agora, ou o calor das emoções de quem está no centro do problema vai se resfriar e eu vou perder esses sentimentos necessários à eternização dessa experiência", conta.

A rotina do empresário em Moscou se divide entre academia, idas à igreja e brincadeiras com Misha, o seu filho de quatro anos. É com ele que Eduardo pratica o idioma russo. Misha nasceu em Israel, mas, por conta da mãe, tem nacionalidade russa. Atualmente, o menino mora com ela, em Moscou.

Fauzi também revela que passa parte do seu tempo viajando entre a capital e São Petersburgo, as maiores cidades do país. Ele confessa ter se apaixonado por Cazã, que é um local conhecido por abrigar templos de diversas religiões e de maioria muçulmana.

Eduardo conta que lê, pelo menos, 40 páginas por dia. "Meus interesses usualmente giram em torno de ciências sociais, história, geopolítica, sociologia, antropologia. Também me dedico muito a romances", afirma. Obras como Casa Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, Mestre e Margarida, do russo Mikhail Bulgákov, e O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota, de Olavo de Carvalho, a sua 'bíblia de consulta diária', têm sido a companhia do empresário.

"O Casa Grande & Senzala é para mim uma experiência sensorial. Tenho fascínio por Brasil e por suas manifestações culturais mais populares. Leio esse livro escutando Dominguinhos, Alceu Valença e Luiz Gonzaga", explica.

Liberdade

Mesmo levando uma vida 'tranquila' na Rússia, Fauzi tem tentado mobilizar os seus advogados no caso do ataque ao Porta dos Fundos. A defesa dele entrou com um pedido de habeas corpus na Justiça do Rio de Janeiro, em resposta ao mandado de prisão temporária decretado pelo tribunal do estado. Ele também pediu asilo político ao governo russo, mas ainda não obteve resposta da Justiça e nem do Kremlin. "Não vejo como crime de que estou sendo acusado, que é de baixíssimo potencial ofensivo, possa manter uma prisão temporária por mais de 30 dias. Meu interesse é retornar no dia 30 de janeiro, mas isso vai depender da avaliação do meu corpo jurídico, sobre como o ambiente político e social em torno do meu nome poderá afastar o andamento do processo, minha segurança e liberdade", argumenta.

Os advogados de Eduardo alertaram ele sobre possíveis tentativas da Justiça de "inventar crimes inexistentes" que possam acarretar na sua detenção. "Mediante a verificação da solidez dessa possibilidade, é que seguirei ou não tentando asilo", afirma.
O Itamaraty afirmou que não recebeu nenhum pedido de extradição para Fauzi do Ministério da Justiça e que, por isso, não enviou solicitação ao Kremlin.

"O especial do Porta dos Fundos foi 'cristofóbico', o que é tão ou mais grave do que tivesse sido homofóbico ou racista. A imagem de Jesus Cristo é um ícone civilizacional em todo o Ocidente e, mais ainda, no Brasil. O Cristo simbólico amarra em torno dele uma série de valores fundantes da nossa civilização. Quando essa imagem do Cristo simbólico é destruída, toda essa cadeia de valores é arrasada", concluiu.

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