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Em vídeo, brasileiros pedem a Bolsonaro para sair de Wuhan, epicentro do coronavírus

Na sexta-feira, o presidente listou dificuldades no processo de retirada

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 02/02/2020 às 9:53
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Na sexta-feira, o presidente listou dificuldades no processo de retirada - FOTO: Foto: Reprodução/Youtube
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Em vídeo publicado neste domingo (2) no Youtube, um grupo de brasileiros que residem em Wuhan, na província chinesa de Hubei - local do epicentro do coronavírus - pedem ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo para serem retirados do local, assim como outros cidadãos do mundo que foram retirados por seus respectivos países de origem.

"Nós somos homens, mulheres e crianças de vários estados e regiões do Brasil. Estudantes e trabalhadores, indivíduos e famílias de brasileiros na China", afirma um dos brasileiros na gravação.

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"No momento em que essa carta está sendo escrita, não há, entre nós, quaisquer casos de contaminação comprovada ou até mesmo sintomas de infecção por coronavírus", diz outro. Eles afirmam ainda que outros países, como Estados Unidos, Japão, Reino Unido, Itália e França já retiraram seus cidadãos por via aérea e que o governo chinês está aberto para essas retiradas e que não impedimento oficial da China para esse tipo de ação.

O governo brasileiro não comentou o vídeo. Até agora, Bolsonaro tem descartado a possibilidade de retirar os brasileiros de lá, alegando dificuldade no processo.

Bolsonaro lista dificuldades para trazer brasileiros

O presidente Jair Bolsonaro listou nessa sexta-feira (31) ao menos dois entraves para trazer os brasileiros que estão na região de Wuhan, na China - epicentro da contaminação pelo coronavírus - para o Brasil. Segundo ele, é preciso solucionar questões financeiras para o envio de uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) ao país asiático, além da falta de uma "lei de quarentena" no Brasil para manter os brasileiros que forem repatriados por um tempo de monitoramento.

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"Temos alguns nacionais, que estão na região de Wuhan, que querem vir para cá, e têm pedido o nosso apoio. Obviamente, o apoio custa dinheiro, meios, e o Brasil vai ter que se esforçar para conseguir. Começa pela própria Força Aérea. Ao longo dos últimos 30 anos, arrebentaram com o material das Forças Armadas, incluindo aeronaves", disse Bolsonaro a jornalistas na entrada do Palácio do Alvorada. Segundo ele, um voo para a china custaria cerca de US$ 500 mil (aproximadamente R$ 2,1 milhões).

O outro ponto, de acordo com o presidente, é a ausência de normas sobre quarentena no Brasil. "Nós não temos uma lei de quarentena. Ao trazer os brasileiros para cá, e a nossa ideia, obviamente, é colocar em local para quarentena, mas aí qualquer decisão judicial tira de lá, e daí seria uma irresponsabilidade retirar pessoas que vêm da China pra cá", acrescentou. O presidente se reuniu durante a tarde com com os ministros Henrique Mandetta (Saúde), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Fernando Azevedo (Defesa) para discutir o assunto. 

Segundo o ministro Ernesto Araújo, há também um entrave diplomático para trazer os brasileiros da região de Wuhan, que está em quarentena decretada pelo governo chinês. "A região da China que está mais sujeita [ao vírus], está fechada para qualquer pessoa sair. É preciso negociar com o governo chinês primeiro, para que deixe sair os brasileiros, mas não é uma coisa óbvia e imediata também", afirmou. Nos últimos dias, diversos países, como Austrália, Coreia do Sul, Estados Unidos, Filipinas, Espanha, Alemanha, França, Índia e Japão iniciaram tramites ou já retiraram seus cidadãos da China, por causa do surto do coronavírus.

Ainda de acordo com o presidente Jair Bolsonaro, é preciso o envolvimento do Poder Judiciário e do Congresso Nacional na eventual decisão de enviar uma aeronave da FAB para repatriar os brasileiros na China. Segundo ele, por exemplo, a autorização de recurso extra teria que ser aprovada pelo Parlamento. "Então, é uma coisa que tem que ser pensada, conversada antecipadamente com o chefe do Poder Judiciário, conversado com o Parlamento também", disse.

Economia

Sobre os impactos do surto de coronavírus na economia, o presidente admitiu que a exportações brasileiras devem mesmo ser afetadas, já que a China, principal parceiro comercial do país, deve ter o crescimento econômico reduzido esse ano, em decorrência dessa crise de saúde.

"Nossas exportações podem ser afetadas na ordem de 3%, afinal de contas, a China é o nosso maior mercado exportador. Está todo mundo envolvido e preocupado em dar uma pronta resposta para a população", afirmou. 

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