ARGENTINA

Cristina reivindica negociação sobre as Malvinas na ONU. Veja vídeo

Presidente discursou pela primeira vez no Comitê de Descolonização das Nações Unidas

Agência France Presse
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Publicado em 14/06/2012 às 21:15
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NOVA IORQUE – A presidente argentina, Cristina Kirchner, participou nesta quinta-feira (14), de forma histórica, da reunião anual do Comitê de Descolonização da ONU para reivindicar a soberania de seu país sobre as Malvinas, e afirmou que seu país "está aberto a negociações", pedindo ao Reino Unido que aceite essa proposta sem condicionantes.

"Olhe o pouco que estamos pedindo: dialogar. Não estamos pedindo que nos deem razão. Estamos pedindo que sentem para dialogar", disse Cristina em uma histórica participação na reunião anual desse órgão especial da ONU. 

"A Argentina está aberta à negociação", completou Cristina, que declarou que fazia essa oferta "sem nenhum tipo de rancor, sem nenhum tipo de ofensa, com a certeza e segurança" de que a Argentina é "um país aberto". 

Cristina apresentou-se acompanhada de vários de seus ministros, assim como representantes dos principais partidos da oposição e veteranos da guerra de 1982, para demonstrar o consenso que existe na Argentina sobre a reivindicação da soberania nas ilhas ocupadas pelo Reino Unido desde 1833. 

Frente à inusual mobilização diplomática argentina este ano, os moradores da ilha apresentaram-se com uma delegação de oito pessoas, a maior desde 1996, entre elas seis jovens nascidos depois da guerra que buscam mostrar que as Malvinas querem ter sua voz nas discussões. 

Após sua chegada à ONU, Cristina Kirchner reuniu-se em primeiro lugar com seu secretário-geral, Ban Ki-moon, que reconheceu o "forte apoio regional" à reclamação argentina sobre as Malvinas, segundo um comunicado das Nações Unidas. 

Mais tarde teve início a reunião do Comitê de Descolonização presidida pelo equatoriano Diego Morejón Pazmiño, e que teve como primeiros oradores os representantes da Assembleia Legislativa das Malvinas, Rober Edwards e Michael Summers. 

Apesar da queda da ditadura militar que levou à guerra de 1982, a Argentina persiste em "suas tentativas de negar ao povo das ilhas Malvinas nossos direitos democráticos", disse Edwards. 

Edwards confirmou a realização de um referendo em 2013 e disse que "uma maioria de 96% do eleitorado" das Malvinas, onde vivem 3 mil pessoas, quer manter o status quo e continuar sendo um território de ultramar do Reino Unido. 

O Comitê de Descolonização das Nações Unidas, formado por 24 países, vem instando regularmente desde 1965 as duas partes a realizar negociações pela disputa do arquipélago no Atlântico Sul, apesar de a Grã-Bretanha sempre ter ignorado essas resoluções não vinculantes. 

Morejón Pazmiño afirmou nesta quinta-feira que a presença da presidente Kirchner "é histórica" e "dá credibilidade ao sistema das Nações Unidas". 

Em meio a um endurecimento de sua exigência, a Argentina conseguiu nos últimos meses o apoio dos países latino-americanos, incluindo a decisão dos membros do Mercosul como Brasil, Uruguai e Chile (associado) de proibir a entrada em seus portos de navios com bandeira das Malvinas. 

Em fevereiro, o chanceler argentino, Héctor Timerman, denunciou diante da ONU uma "militarização" britânica do Atlântico Sul e a exploração de possíveis recursos petroleiros nessa região, acusações rejeitadas por Londres, para quem a questão da soberania foi resolvida em 1982. 

A guerra das Malvinas, que durou 74 dias entre 2 de abril e 14 de junho de 1982, foi lançada pela ditadura militar no poder em Buenos Aires e deixou 649 argentinos e 255 britânicos mortos. 

Menos de 2 milhões de pessoas vivem sob domínio colonial nos 16 territórios não autônomos que restam no mundo, entre eles Gibraltar, segundo a ONU. 

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