Cerimônia

África do Sul prepara homenagem nacional para 44 mortos em massacre na mina

Não haverá funerais coletivos, já que os corpos dos grevistas foram entregues as suas famílias, que em muitos casos vivem longe da mina de Marikana

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Publicado em 22/08/2012 às 10:52
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JOHANNESBURGO - As autoridades sul-africanas se preparam para honrar na quinta-feira (23) a memória dos 44 trabalhadores mortos na mina de platina de Marikana, 34 deles pelas mãos da polícia.

"Foi programada uma cerimônia de homenagem em Marikana", declarou nesta quarta-feira o secretário-geral da presidência sul-africana, Collins Chabane, em uma entrevista a uma rádio pública.

Não haverá funerais coletivos, já que os corpos dos grevistas foram entregues as suas famílias, que em muitos casos vivem longe da mina de Marikana, situada a uma hora e meia de Johannesburgo, a capital econômica do país.

Outra cerimônia está prevista em Mthatha (Cabo Oriental), a cidade mais próxima do povoado de Nelson Mandela, no sul rural do país de onde muitos dos mineiros mortos são procedentes.

"A maioria é proveniente de zonas rurais, é por isso que o Cabo Oriental prepara uma cerimônia", disse Chabane, que acrescentou que "em todo o país serão realizadas homenagens".

A maioria dos mortos era de trabalhadores migrantes, embora apenas um fosse estrangeiro, de Lesoto, minúsculo país encravado no imenso território sul-africano.

As bandeiras ondeiam a meio mastro desde segunda-feira, início de uma semana de luto nacional decretado pelo presidente Jacob Zuma, cujo governo é acusado de não ter prevenido o drama e de ter gerido de maneira desastrada a crise.

"Não queremos que as cerimônias de homenagem se politizem", disse Chabane, que não informou se haverá representantes do governo em alguma das cerimônias de quinta-feira.

Há seis meses, a produção de platina na África do Sul, principal produtor mundial, vive fortes tensões exacerbadas pela crise mundial, em particular a automobilística, e que ilustram as más práticas sociais herdadas do passado que persistem no setor minerador.

Em Marikana, o drama ocorreu após as reivindicações salariais de 3.000 perfuradores, que realizam o trabalho mais perigoso.

O conflito se incendiou por rivalidades intersindicais, que deixaram 10 mortos, entre eles dois policiais, antes da intervenção das forças de ordem, que abriram fogo contra os grevistas, deixando 34 mortos e 78 feridos.

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