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Ataques contra xiitas deixam 50 mortos e 171 feridos no Iraque

Os atentados ocorreram nesta terça, data do 10º aniversário da invasão do Iraque

Da AFP
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Publicado em 19/03/2013 às 10:10
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Ao menos 50 pessoas morreram nesta terça-feira (19) e outras 171 ficaram feridas em vários ataques na véspera do 10º aniversário da invasão do Iraque, dirigida pelos Estados Unidos com o objetivo declarado de construir uma democracia na região, mas que desencadeou uma onda brutal de violência.

Ocorreram cerca de 20 explosões e vários ataques à mão armada principalmente contra muçulmanos xiitas, e muitos dos atentados foram realizados no norte e no leste de Bagdá. Trata-se do número de mortos mais elevado no Iraque em seis meses, de acordo com um balanço da AFP.

É uma nova escalada de violência que levanta dúvidas sobre a capacidade das forças de segurança iraquianas para cumprirem com sua missão, quando faltava um mês das primeiras eleições do país em três anos. As eleições provinciais foram adiadas devido a estes atentados. O governo iraquiano decidiu nesta terça-feira adiar as eleições provinciais previstas para 20 de abril "ao menos por seis meses", anunciou uma autoridade da Comissão Eleitoral à AFP.

Estas eleições deveriam ocorrer nas províncias majoritariamente sunitas de Al-Anbar e Nínive, mas foram adiadas devido à insegurança na região, anunciou o porta-voz do primeiro-ministro.

Os últimos ataques colocam em evidência a violência que afeta o Iraque uma década após a invasão. Pouco antes, relatórios separados publicados pelo grupo Iraq Body Count (IBC), com sede na Grã-Bretanha, e por pesquisadores do The Lancet, uma revista médica britânica, informaram que o balanço geral de uma década de derramamento de sangue custou a vida de pelo menos 112 mil civis no Iraque.

Muitos dos ataques desta terça-feira ocorreram em bairros xiitas, dentro e ao redor de Bagdá, no início da manhã. As forças de segurança aumentaram as inspeções nos postos de controle e bloquearam rotas importantes, agravando o trânsito na capital, indicou um jornalista da AFP.

Os soldados e os policiais também levantaram novos postos de controle, e excepcionalmente inspecionavam inclusive alguns veículos com marcas governamentais, que geralmente passam sem sofrer uma inspeção. Nesta terça-feira foram registrados ao menos 11 atentados com carros-bomba, incluindo dois que foram detonados por suicidas, além de uma bomba em uma estrada e dois ataques à mão armada, indicaram fontes oficiais.

Embora nenhum grupo tenha reivindicado a responsabilidade por estes atentados, muitas vezes militantes sunitas atacam civis xiitas e empregados governamentais com a finalidade de desestabilizar o país. A violência aumentou antes do 10º aniversário da invasão liderada pelos Estados Unidos. Na semana passada, 87 pessoas foram assassinadas, de acordo com um balanço elaborado pela AFP a partir de relatórios de autoridades médicas e de segurança.

As autoridades iraquianas ainda não anunciaram cerimônias para lembrar este aniversário, nesta quarta-feira, e é provável que ocorram em 9 de abril, a data da queda de Bagdá. A guerra lançada com o objetivo declarado de eliminar as reservas de armas de destruição em massa que Saddam Hussein supostamente possuía, e que jamais foram encontradas, depois se concentrou em tentar converter o Iraque em um aliado do Ocidente dentro de uma região instável.

Embora a guerra tenha sido relativamente breve - começou no dia 20 de março de 2003, Bagdá caiu algumas semanas depois, e o presidente norte-americano desta época, George W. Bush, declarou no dia 1 de maio que a missão estava cumprida -, a violência prosseguiu. O IBC indicou que mais de 112.000 civis morreram desde a invasão de 2003, enquanto um estudo publicado no The Lancet afirmava que 116 mil civis morreram de 2003 a dezembro de 2011, quando as forças americanas se retiraram.

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