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Cúpula Ibero-americana marcada por ausências e desafio de renovação

Grupos de indígenas aproveitaram nesta sexta a visibilidade da cúpula para protestar contra o governo do Panamá

Da AFP
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Publicado em 19/10/2013 às 10:59
Foto: RODRIGO ARANGUA / AFP
Grupos de indígenas aproveitaram nesta sexta a visibilidade da cúpula para protestar contra o governo do Panamá - FOTO: Foto: RODRIGO ARANGUA / AFP
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PANAMÁ - A 23ª Cúpula Ibero-americana começou nesta sexta-feira (18) no Panamá com uma forte ausência de líderes, que revela a perda de rumo e de protagonismo do fórum, e com o desafio de se renovar, duas décadas depois de sua criação, para evitar o colapso.

"Esta é a cúpula da mudança e da transformação", destacou o secretário-geral ibero-americano, Enrique Iglesias, ao inaugurar o encontro com uma cerimônia no centro de convenções às margens do Canal do Panamá.

Com a presença de apenas onze chefes de Estado e de Governo de América Latina, Espanha e Portugal, o evento discutirá este sábado (19), em uma praia da Cidade do Panamá, uma profunda reforma deste sistema integrado por 22 países.

Embora seja crucial para o futuro da comunidade ibero-americana, estarão ausentes do debate, além de Dilma Rousseff, os presidentes Cristina Kirchner (Argentina), Rafael Correa (Equador), José Mújica (Uruguai), Sebastián Piñera (Chile), Nicolás Maduro (Venezuela), Ollanta Humala (Peru), Evo Morales (Bolívia), Raúl Castro (Cuba) e Otto Pérez (Guatemala). Além disso, o rei Juan Carlos, que se recupera de uma cirurgia na bacia, faltará pela primeira vez desde 1991, quando começaram a ser realizados esses encontros anuais.

"Considero um acerto que esta seja avaliada como a cúpula da reforma. Após 22 anos de reuniões e funcionamento faz falta um novo impulso e uma renovação para nos adaptarmos às mudanças produzidas em nossos países e na esfera internacional. Temos consciência das dificuldades desta tarefa", disse o presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, que lidera a delegação espanhola.

A cúpula de encontros e desencontros
Mas as grandes ausências mostram a imagem de uma falta de interesse em relação a essas reuniões, sem ser compensada pela presença dos presidentes Enrique Peña Nieto (México) e Juan Manuel Santos (Colômbia). O Paraguai retorna ao encontro, com o presidente Horacio Cartes, depois de o país ter ficado ausente no ano passado da cúpula de Cádiz devido à crise desencadeada pela destituição de seu antecessor, Fernando Lugo.

A capital panamenha recebe desde quinta (17) não apenas governantes, mas também escritores e acadêmicos que participarão no domingo do Congresso Internacional da Língua Espanhola.

Grupos de indígenas aproveitaram nesta sexta a visibilidade da cúpula para protestar na cidade contra o governo, do qual exigem a proteção de seus territórios e recursos naturais, assim como os médicos, que protestam contra uma lei considerada uma privatização da saúde.

A cúpula da renovação
Com o lema "A Comunidade Ibero-americana no Novo Contexto Mundial", a Cúpula propõe uma reforma profunda do fórum, da qual se fala desde Cádiz, que tenta adaptá-lo aos interesses de uma América Latina que hoje segue mais o seu próprio ritmo.

A iniciativa inclui uma mudança na divisão de custos do sistema. Hoje Espanha e Portugal assumem 70%, enquanto a América Latina fica com 30. O objetivo é aumentar a contribuição latino-americana em 10%.

Mas um dos principais pontos, que simboliza o momento atravessado pela comunidade ibero-americana, é que as cúpulas -a primeira foi em Guadalajara (México) em 1991-, passarão a ser realizadas de dois em dois anos a partir da próxima, na cidade mexicana de Veracruz, em 2014.

"Elas precisam ser modernizadas. Precisamos achar uma forma de simplificá-las, de torná-las mais ágeis, de tentar dinamizar campos como a educação, as micro e pequenas empresas. Ou seja, precisamos buscar elementos relacionados com o que a América Latina precisa hoje", afirmou o secretário-geral ibero-americano, o espanhol Enrique Iglesias.

O próprio Iglesias, considerado a alma da organização, se despedirá no Panamá do cargo que ocupa desde 2005, embora vá permanecer até janeiro, quando seu substituto assumir e dar início às reformas.

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