O Ministério de Relações Exteriores da Alemanha convocou, nesta quinta-feira, o embaixador dos Estados Unidos no país após a divulgação de acusações de que a inteligência norte-americana pode ter grampeado o telefone celular da chanceler Angela Merkel.
O ministro da Defesa acrescentou que a Europa não pode simplesmente retornar às relações transatlânticas normais após a série de relatos de que os Estados Unidos espionaram seus aliados.
O governo de Merkel disse que ela reclamou do fato com o presidente Barack Obama na quarta-feira, após receber informações de que seu telefone celular poderia estar sendo monitorado. O governo não divulgou mais detalhes, mas a revista alemã Der Spiegel, que publicou material vazado pelo ex-analista da Agência Nacional de Segurança (NSA), Edward Snowden, disse que sua investigação levou à resposta.
O Ministério de Relações Exteriores disse que o embaixador norte-americano John B. Emerson deve se reunir na tarde desta quinta-feira com o ministro Guido Westerwelle, que vai "expressar a posição do governo alemão". A embaixada dos Estados Unidos disse que não tem comentários a fazer sobre o assunto.
O ministro da Defesa Thomas de Maiziere disse à emissora de televisão ARD que a suposta vigilância será "muito ruim", caso confirmada. "Os norte-americanos são e continuam nossos melhores amigos, mas, absolutamente, isto não é correto", declarou ele.
"Eu considero, há anos, que meu telefone celular esteja sendo monitorado, mas não pensava nos norte-americanos", disse De Maiziere, que foi Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas e ministro do Interior da Alemanha.
"Não podemos simplesmente voltar às relações, como antes", declarou De Maiziere ao ser perguntado sobre os possíveis efeitos do caso sobre as relações entre Estados Unidos e Alemanha e Estados Unidos e Europa. "Há suspeitas na França também."
Nesta semana, a França exigiu explicações sobre relatos de que os Estados Unidos reuniram milhões de arquivos telefônicos de franceses e também convocou o embaixador norte-americano para exigir explicações.
De Maiziere não especificou quais efeitos a questão pode ter nas relações entre os países, mas disse que "as relações entre nossos países são estáveis e importantes para nosso futuro. Elas vão permanecer desta forma."
O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse nesta quarta-feira que Obama assegurou a Merkel que "os Estados Unidos não estão monitorando e não monitorarão as comunicações da chanceler".