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Civis começam a ser retirados de cidade síria após 600 dias de cerco

A retirada dos civis que desejarem sair desta cidade foi possível graças a um acordo entre as autoridades sírias e as Nações Unidas

Da AFP
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Publicado em 07/02/2014 às 15:05
Foto: SANA / AFP
A retirada dos civis que desejarem sair desta cidade foi possível graças a um acordo entre as autoridades sírias e as Nações Unidas - FOTO: Foto: SANA / AFP
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As crianças, os maiores de 55 anos e as mulheres de Homs começaram a deixar nesta sexta-feira (7) esta cidade sitiada há 600 dias pelas tropas do regime sírio, que, por sua vez, confirmou sua participação nas próximas negociações com a oposição.

A retirada dos civis que desejarem sair desta cidade, considerada a capital da revolução contra o regime de Bashar al-Assad, foi possível graças a um acordo entre as autoridades sírias e as Nações Unidas.

O acordo também prevê a chegada de ajuda humanitária para os que quiserem permanecer nos bairros sitiados, em mãos rebeldes. A ajuda, que consiste em primeiros socorros e alimentos, começará a ser distribuída no sábado, segundo o governador de Homs, Talal Barazi.

A evacuação dos civis começou nesta sexta-feira com a retirada de ônibus de 12 pessoas, as primeiras entre as 200 que devem deixar o local durante o dia, constatou um correspondente da AFP.

Imagens da rede de televisão estatal também mostravam o veículo deixando um ponto de encontro do lado de fora de uma das áreas sitiadas.

"Os menores de 15 anos, os homens maiores de 55 anos e as mulheres" estão autorizados a deixar a cidade, havia declarado pouco antes Barazi, o governador de uma das principais frentes de batalha entre o regime e os rebeldes.

A comunidade internacional denunciou em várias ocasiões a situação humanitária desesperadora dos treze bairros rebeldes da cidade antiga de Homs. O ataque agravou as condições de vida. Aos bombardeios quase diários se soma a escassez de alimentos e de material de saúde.

Uma equipe do governo, das Nações Unidas e do Crescente Vermelho se dirigiu durante a manhã à parte antiga para garantir a saída dos civis e sua transferência para onde desejarem, disse Barazi. Segundo a ONU, este acordo "permitirá fornecer ajuda vital a 2.500 civis".

Debate centrado no terrorismo

O acordo é um primeiro gesto humanitário do regime desde a primeira rodada de negociações em Genebra entre o governo e a oposição sob a supervisão das Nações Unidas, no fim de janeiro.

Durante estas negociações, o mediador internacional Lakhdar Brahimi anunciou ter obtido do regime a promessa de deixar os civis sitiados saírem. O regime confirmou sua participação na segunda rodada, prevista para a próxima segunda-feira.

As negociações são realizadas sob a pressão da Rússia, aliada do regime sírio, e dos Estados Unidos, que apoiam a oposição, com a esperança de encontrar uma solução pacífica a um conflito que em quase três anos deixou mais de 136.000 mortos.

"Foi decidido que a delegação da República Síria participará na segunda rodada de negociações de Genebra", declarou o vice-ministro das Relações Exteriores, Faisal Muqdad, um dos membros da delegação do regime na primeira rodada.

O regime de Damasco, que classifica os rebeldes de terroristas, quer centrar o debate no terrorismo. A oposição, por sua vez, quer focá-las em uma transição política que excluiria Assad. A oposição já havia confirmado anteriormente sua presença na próxima rodada.

Os rebeldes lançaram na quinta-feira um ataque contra a prisão central de Aleppo (norte), controlando uma grande parte do estabelecimento. As forças governamentais retomaram o controle nesta sexta-feira após intensos combates, indicou uma ONG.

O destino dos prisioneiros era uma incógnita. O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) havia informado que centenas de detidos foram libertados, mas, com a recuperação da prisão pelo regime, não era possível confirmar a fuga dos prisioneiros.

Em Aleppo, o regime continuava com seus ataques com barris de explosivos, que mataram mais de 250 pessoas em cinco dias.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou na quinta-feira estes ataques, que têm "um efeito devastador em zonas habitadas" e são contrários às leis humanitárias internacionais.

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