Solidariedade

Solidariedade mundial por bebê com síndrome de Down abandonado por casal australiano

Casal contratou barriga de aluguel na Tailândia, mas rejeitou quando criança nasceu com Down

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 03/08/2014 às 14:30
Leitura:

A onda de solidariedade continua crescendo neste domingo para ajudar o bebê com síndrome de Down rejeitado por um casal australiano que contratou uma barriga de aluguel na Tailândia, optando por levar para seu país somente a sua irmã gêmea sem o distúrbio genético.

Gammy e sua irmã gêmea nasceram em dezembro na Tailândia. A mãe biológica, Pattaramon Chanbua, recebeu 16.000 dólares australianos (14.900 dólares norte-americanos) para gerar o filho dos australianos, que não tiveram as identidades reveladas.

Quando os exames mostraram que um dos bebês tinha síndrome de Down o casal quis que Chanbua, de 21 anos, abortasse. Segundo a imprensa australiana, a tailandesa alegou que sua religião, o budismo, é contra o aborto.

O casal australiano, então, ficou apenas com a menina e deixou Gammy com a mãe biológica, que não tem recursos suficientes para o dispendioso tratamento do bebê, que também nasceu com graves problemas cardíacos.

No momento, o bebê está hospitalizado. A avó, Pichaya Nathonchai, de 53 anos, disse neste domingo à AFP que Gammy está desde quinta-feira em um hospital particular na província de Chonburi, a cerca de uma hora de Bangcoc e que seu estado de saúde está "melhorando".

Peter Baines, fundador da Hands Across The Water, organização que administra as doações, confirmou à AFP que Gammy está "muito doente e que tem uma infecção pulmonar".

O caso despertou uma enorme empatia no mundo todo. Até agora foram arrecadados 190.000 dólares pela internet para o tratamento.

Baines assegurou que as doações superaram a meta inicial de 25.000 dólares e que ele viajará da Austrália para a Tailândia nas próximas semanas para garantir que o dinheiro será utilizado no tratamento de Gammys e nas necessidades de sua família.

A mãe do bebê disse ao grupo de imprensa australiano Fairfax Media que deseja cuidar ela mesma na Tailândia do bebê.

"Eu mesma cuidarei de Gammy. Não darei ele a ninguém", afirmou.

O ministro australiano da Imigração, Scott Morrison, reconheceu neste domingo que "a história é de partir o coração", antes de acrescentar que o caso entra no terreno da "responsabilidade moral".

Para Morrison, a prática da barriga de aluguel apresenta "aspectos sérios" que precisam ser administrados com cuidado.

A Austrália proíbe a prática de uma pessoa gerar um filho para terceiros em troca de pagamento. Mas é possível recorrer a um ventre altruísta, pagando somente os gastos com a gestação, incluindo acompanhamento médico.

De acordo com a organização Surrogacy Australia, cada vez mais casais preferem viajar ao exterior e não recorrer aos ventres altruístas do país. Deste modo, de 400 a 500 casais recorrem anualmente a barrigas de aluguel, sobretudo na Índia, na Tailândia e nos Estados Unidos.

Últimas notícias