O papa Francisco celebrou neste domingo (14), pela primeira vez em seu pontificado, o matrimônio de vinte casais romanos durante uma cerimônia no Vaticano, a três semanas de uma reunião de bispos dedicada ao casamento e à família.
Em meio a uma atmosfera privada, casais, alguns jovens e outros nem tanto, cercados por seus familiares e amigos e na presença de muitos fiéis, ouviram o Papa, que usava uma casula vermelha.
Algumas noivas choraram ao proferir seus votos.
Para o papa Francisco, esta é a primeira celebração de casamentos no Vaticano, uma prática rara, precedida apenas por uma celebração realizada pelo papa João Paulo II em 1994, o Ano da Família, e em 2000, durante o Jubileu das Famílias, de acordo com o Vaticano.
Os casais foram selecionados pelo vicariato de Roma, sob a direção do Papa, para constituir uma amostra representativa de casais de nossa época. Alguns já viviam juntos antes do casamento, enquanto outros já tinham filhos ou se conheceram em sua paróquia.
O casal mais novo era formado pelo marido nascido em 1986 e a esposa em 1989, enquanto os mais velhos nasceram respectivamente em 1958 e 1965, de acordo com relatos da imprensa.
O último par era formado por Gabriella, uma mãe solteira, e Guido, cujo casamento anterior foi anulado pelo "Sacra Rota", tribunal eclesiástico competente.
O casamento "não é um caminho fácil, é uma viagem às vezes conflituosa, mas que faz parte da vida", disse o Papa aos casais.
"É normal que o casal discuta. Isto sempre acontece, mas que vocês não terminem o dia sem ter feito as pazes, um pequeno gesto é suficiente", disse Francisco.
O pontífice fez então, pessoalmente, as 40 perguntas tradicionais durante um casamento religioso antes de dar-lhes a bênção, em uma cerimônia de quase duas horas.
A tradicional sessão de fotos após o casamento foi realizada um pouco mais tarde nos jardins do Vaticano.
A cerimônia ocorre três semanas antes do sínodo programado para acontecer entre os dias 5 e 19 de outubro, durante o qual 253 bispos, delegados e especialistas de todo o mundo, incluindo 114 presidentes de Conferências Episcopais, vão discutir os desafios da família e do casamento religioso.
As tensões são latentes e a capacidade do papa Francisco de superá-las é vista como um teste de seu pontificado.
A proibição para os divorciados que se casaram novamente de receber a Comunhão deve ser uma prioridade na agenda. Alguns prelados desejam relaxar esta regra, mas outros temem que esta questão coloque em perigo o caráter indissolúvel do sacramento do matrimônio.
O papa Francisco já fez em várias ocasiões referências às famílias e ao casamento, mas se mostra mais aberto e realista do que seus antecessores sobre as dificuldades que os casais podem ter que enfrentar, falando de mulheres abandonadas, casamentos arruinados, principalmente aqueles contraídos sem um compromisso inicial bem pensado, por convenção social.
Em janeiro passado ele batizou, durante uma cerimônia na Capela Sistina, o filho de uma mãe solteira e a filha de um casal casado apenas no civil.