aproximação

Cuba terá agenda diplomática intensa em 2015 após reconciliação com EUA

A agenda diplomática contempla este ano a primeira visita à ilha comunista, em meio século, de um funcionário americano do alto escalão

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 30/12/2014 às 16:02
Foto: AFP
A agenda diplomática contempla este ano a primeira visita à ilha comunista, em meio século, de um funcionário americano do alto escalão - FOTO: Foto: AFP
Leitura:

Cuba terá uma agenda diplomática intensa em 2015, após colher louros nesta área em 2014, ano coroado pela reconciliação histórica com os Estados Unidos após meio século de embates, destacaram especialistas.

"O ano termina com o reconhecimento explícito do presidente Obama de que um novo enfoque americano em relação a Cuba é urgente", disse à AFP o analista Arturo López-Levy, do Centro de Estudos Globais da Universidade de Nova Iorque.

"Cuba, na imagem oficial americana, é agora um país em transição, e não uma ameaça à segurança nacional", assinalou.

A agenda diplomática contempla este ano a primeira visita à ilha comunista, em meio século, de um funcionário americano do alto escalão, e a participação inédita de Cuba na Reunião de Cúpula das Américas.

A subsecretária de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, participará desta primeira reunião de alto escalão, no fim de janeiro, em Havana. Em abril, Raúl Castro participará da Reunião de Cúpula das Américas, no Panamá, que marcará a entrada de Cuba no fórum, criado em 1994.

Os líderes latinos vinham exigindo a presença de Cuba na reunião, que reconheceu que a política de isolamento de Havana acabou afastando os Estados Unidos do restante do continente.

A agenda também contempla a terceira rodada de negociações com a União Europeia (UE) para normalizar os laços bilaterais e deixar para trás a Posição Comum europeia de 1996, que condicionava a cooperação a avanços em direitos humanos na ilha.

A rodada, que deve acontecer em Havana, estava programada para 8 de janeiro, mas foi adiada a pedido de Cuba e a nova data ainda não foi anunciada.

A UE anunciou o início das negociações em 29 de janeiro, dia em que Raúl Castro encerrava em Havana a Reunião de Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), da qual participaram 30 governantes, em uma amostra contundente de apoio regional à ilha que Washington tentou isolar após a Revolução de Fidel Castro em 1959.

"As expectativas declaradas de que embaixadas formais serão abertas em meses sugerem que o processo já está em andamento", indicou a revista "Foreign Affairs", especializada em assuntos diplomáticos e editada pelo Council on Foreign Relations, centro de estudos localizado em Nova Iorque.

LISTA NEGRA TERRORISTA E EMBARGO - Entre os temas centrais pendentes para Havana estão a retirada de Cuba da lista negra americana de países que apoiam o terrorismo, o que depende do governo Obama, e o fim do embargo econômico contra a ilha, a cargo do Congresso americano.

Sair da lista negra daria a Cuba acesso a créditos de órgãos internacionais em que Washington tem peso, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento. O fim do embargo abriria as portas ao comércio bilateral e a investimentos americanos na ilha.

"Cuba precisa de mais opções e encontrar formas de promover o desenvolvimento econômico da ilha. É verdade que normalizar as relações com os Estados Unidos implica riscos, mas, aos olhos do governo cubano, o acordo com os Estados Unidos oferece mais oportunidades do que problemas", disse à AFP o analista Patricio Navia, da Universidade de Nova Iorque.

O levantamento do embargo é complicado, porque, a partir de janeiro, a oposição republicana irá controlar as duas câmaras do Congresso americano. Obama usou suas faculdades executivas para facilitar as viagens à ilha e o envio de dinheiro, entre outras medidas, o que teria um efeito rápido sobre a economia cubana.

"O embargo americano se mantém, mas Obama proclamou uma lógica que o mina", destacou López-Levy.

A diplomacia cubana poderá se concentrar nestes esforços agora que não terá que se ocupar da campanha pela libertação dos três agentes cubanos presos nos Estados Unidos desde 1998, libertados como parte dos acordos com Obama.

Tampouco terá que se preocupar com a campanha contra o embargo na ONU, cuja Assembleia Geral vinha aprovando anualmente, há duas décadas, resoluções quase unânimes contra o mesmo, com os votos contra de Estados Unidos e Israel.

Últimas notícias