Argentina

Chefe de gabinete de Cristina rasga páginas do 'Clarín' durante entrevista

Reportagem afirmou que o promotor morto no dia 19 iria pedir a prisão da presidente argentina

Da Folhapress
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Publicado em 02/02/2015 às 14:12
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Reportagem afirmou que o promotor morto no dia 19 iria pedir a prisão da presidente argentina - FOTO: Foto: AFP
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Irritado com reportagem publicada pelo "Clarín" na edição deste domingo (1), o chefe de gabinete de Cristina Kirchner, Jorge Capitanich, rasgou páginas do jornal durante seu pronunciamento diário matutino.

"É tudo lixo. Todo o tempo é mentira e lixo. É importante que o povo argentino saiba que estão mentindo", afirmou, irritado, enquanto rasgava as páginas do jornal, durante a coletiva de imprensa. O pronunciamento diário de Capitanich é transmitido ao vivo pelo canal estatal TVP.

Segundo reportagem do "Clarín", o promotor Alberto Nisman -encontrado morto no último dia 19- teria pensado em pedir a prisão de Cristina Kirchner e de seu chanceler, Héctor Timerman, pelo caso do atentado à Amia (associação judaica alvo de atentado em 1994).

Essa versão da denúncia, segundo o jornal, teria sido encontrada no lixo do apartamento de Nisman.

A Justiça publicou uma versão na internet, em seu site oficial. Mas, neste documento, estão apagados os pedidos que seriam feitos pelo promotor. O "Clarín" sugeria que o possível pedido de prisão constaria desse trecho apagado.

O juiz responsável pelo caso, Ariel Lijo, divulgou uma nota em que afirma que a denúncia recebida pela corte não tinha nenhum tipo de rasura e que foi decisão do tribunal tapar os pedidos feitos por Nisman. Segundo o juiz, o intuito era preservar o que havia sido solicitado pelo promotor.

Ainda segundo a nota de Lijo, houve supressão apenas de medidas que buscavam provas e não de "nenhuma outra petição substancial a respeitos dos acusados."

Capitanich leu a nota do juiz para, em seguida, rasgar o jornal. "Portanto, tem que se fazer isso [rasgar], porque é falso", afirmou.

TURISMO

Capitanich estava irritado também com outro artigo do jornal, em que é citada uma frase atribuída ao chefe de gabinete em que teria dito que o jornalismo tenta encobrir, com a tragédia de Nisman, a quantidade de gente que está nas praias. O governo vem propagandeando que o turismo esse ano foi recorde, o que desmentiria a crise econômica.

Para o membro do governo, opositores estão tentando criar acusações baseadas em conteúdo falso e prevê que, com a aproximação das eleições presidenciais neste ano, haja mais "confrontações de caráter político com meios de comunicação opositores".

"Esses opositores não oferecem nada à sociedade, a não ser críticas absolutamente infundadas", afirmou, referindo-se aos jornais que o governo considera opositores, como o "Clarín".

Outro que saiu a público para atacar a notícia do "Clarín" foi o secretário-geral da Presidência, Aníbal Fernandez, que classificou a reportagem de "mentira atroz".

Fernandez atribuiu a informação a uma manobra do ex-diretor do serviço de inteligência argentino, Jaime Stiuso. Segundo ele, Stiuso está por trás das denúncias de Nisman contra Cristina Kirchner. O ex-diretor rompeu com o governo, no fim do ano passado, quando foi afastado do cargo.

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