Negociação

Tsipras cede à pressão e busca se aproximar da Eurozona

O governo grego indicou na noite de terça-feira que iria pedir uma prolongação do programa de financiamento internacional atualmente em vigor no país

Da AFP
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Publicado em 18/02/2015 às 15:22
Foto: Aris Messinis / AFP
O governo grego indicou na noite de terça-feira que iria pedir uma prolongação do programa de financiamento internacional atualmente em vigor no país - FOTO: Foto: Aris Messinis / AFP
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Após duas semanas de negociações infrutíferas com os parceiros da zona do euro, o primeiro-ministro grego da esquerda radical Alexis Tsipras parecia sucumbir à pressão de Bruxelas, apesar do risco de descumprir suas promessas eleitorais.

O governo grego indicou na noite de terça-feira que iria pedir uma prolongação do programa de financiamento internacional atualmente em vigor no país, depois de se opor com unhas e dentes a ele.

Os ministros das Finanças do Eurogrupo, com o alemão Wolfgang Schäuble à frente, deram ao executivo grego um ultimato na noite de segunda-feira para que solicite, até sexta-feira, a prolongação deste programa que vence em 28 de fevereiro.

Mas o governo, que se divide entre o desejo de permanecer na zona do euro e suas promessas eleitorais para aliviar a austeridade, disse que desejava apenas o prolongamento temporário do financiamento, e não o do memorando que o acompanha.

Em um gesto considerado arriscado em direção aos seus sócios comunitários e um aceno ao eleitorado, Tsipras anunciou que a partir de sexta-feira submeterá no Parlamento uma série de leis para aliviar o peso da austeridade, que afundou na pobreza boa parte da população grega nos últimos cinco anos.

Desde 2010, o memorando fixa as condições draconianas de economia orçamentária impostas à Grécia em troca de uma injeção financeira internacional, mas foi rejeitado pelos gregos nas urnas com a eleição de Alexis Tsipras no fim de janeiro.

"É muito importante que todos façamos os esforços necessários para evitar uma ruptura que seria absurda e prejudicial para uns e para outros", declarou nesta quarta-feira o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Pierre Moscovici, à rádio RTL.

"Esperamos hoje, quarta-feira, uma demanda grega, há margem de manobra" nas negociações, acrescentou, tentando sair do beco sem saída no qual as negociações se instalaram nos últimos dias.

Já o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, ressaltou na noite de terça-feira à rede de televisão alemã ZDF que "a prolongação do financiamento europeu" seria apenas por alguns meses, "para poder negociar um novo acordo entre Grécia e Europa".

Esta prolongação seria de seis meses, segundo uma fonte governamental grega.

No entanto, para o governo alemão a prolongação da ajuda à Grécia é indissociável das reformas.

A Comissão Europeia permanecia prudente nesta quarta-feira, à espera de ver o documento do governo grego. "Temos que ver o documento da Grécia e o que pede" antes de opinar, disse Valdir Dombrovskis, vice-comissário encarregado do euro à imprensa em Bruxelas.

Janela de acordo

Na corda bamba, Tsipras enviou "uma mensagem com dupla leitura" na terça-feira ao seu grupo parlamentar.

Por um lado, disse que a "Grécia não aceitará as condições ou os ultimatos" e anunciou as medidas sociais que serão apresentadas na sexta-feira no Parlamento. No entanto, deixou claro que Atenas "deseja prosseguir as negociações com seus sócios, e não rompê-las".

Para Philippe Waechter, analista da Natixis Asset Management, nesta disputa com a Europa "foi a Grécia que perdeu". "Se sua demanda for aceita, permitirá superar o prazo de 28 de fevereiro sem problemas", disse.

Se o pedido de prolongação for aceito, os seis próximos meses serão intensos para fixar o contexto das medidas que a Grécia aceitaria em troca de ajuda, "mas o risco de ruptura terá diminuído", segundo Waechter.

Mais de 70% dos gregos, segundo pesquisas recentes, seguem a favor do euro, apesar dos efeitos da crise e da política de austeridade.

Nesta quarta-feira, praticamente toda a imprensa grega desejava um acordo, enquanto a Bolsa de Atenas o celebrava antecipadamente operando em forte alta.

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