O ex-primeiro-ministro e líder fundador de Cingapura, Lee Kuan Yew, principal artífice da cidade-Estado em uma das economias mais florescentes da Ásia em três décadas de poder, faleceu nesta segunda-feira aos 91 anos.
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Internado no dia 5 de fevereiro com pneumonia aguda, "Lee faleceu no Hospital Geral de Cingapura hoje (segunda-feira) às 03h18 (16h18 de domingo de Brasília)", anunciou em um comunicado o primeiro-ministro, Lee Hsien Loong, seu filho, que decretou sete dias de luto nacional.
O filho de Lee, atual primeiro-ministro, Lee Hsien Loong, também emitiu uma declaração em que diz se sentir "profundamente triste" pela morte do pai, primeiro-ministro fundador de Cingapura.
As mensagens de condolências chegaram de todo o mundo para saudar a memória de Lee Kuan Yew, um líder autocrático que dominou a vida política do pequeno arquipélago do sudeste asiático durante meio século.
"Era um verdadeiro gigante da história que será lembrado durante gerações como o pai da Cingapura moderna e como um dos melhores estrategistas dos assuntos asiáticos", declarou o presidente americano, Barack Obama.
O ex-presidente americano George W. Bush e seu pai George H. W. Bush também elogiaram o papel crucial de Lee na história de Cingapura.
"O pai da atual Cingapura transformou seu país e contribuiu para marcar o início da região ASEAN na era moderna", disse George W. Bush em um comunicado.
O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que Lee Kuan Yew "ganhava o respeito geral da comunidade internacional como estrategista e estadista" e o porta-voz da diplomacia chinesa destacou que tinha "valores orientais e ao mesmo tempo uma visão internacional".
Nascido em 16 de setembro de 1923 em uma família de origem chinesa, Lee Kuan Yew era "uma figura lendária na Ásia, muito respeitada por sua forte liderança e seu papel de estadista", declarou o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
Com 35 anos, Lee foi o primeiro chefe de Governo em 1959, quando as autoridades coloniais britânicas concederam o autogoverno a Cingapura, e ostentou o cargo até 1990. Dirigiu o processo de independência em 1965, após uma curta e turbulenta tentativa de união com a Malásia.
Ao longo de sua extensa permanência no cargo, Cingapura registrou um espetacular desenvolvimento econômico até se converter em um centro regional, financeiro e turístico, conhecido por suas altas tecnologias, sobretudo no setor da saúde.
Os defensores dos direitos humanos criticaram Lee Kuan Yew, advogado de formação que estudou na Grã-Bretanha, por dirigir o país com mão de ferro, prender opositores políticos ou privá-los de meios financeiros com base em julgamentos caros por difamação.
"Se você é revoltoso, nosso papel consiste em te destruir politicamente", declarou no passado este admirador do político italiano Nicolau Maquiavel (1469-1527) referindo-se aos seus rivais políticos.
Até o fim de seus dias, Lee Kuan Yew foi uma personalidade política muito influente em Cingapura e na Ásia. Pai do atual primeiro-ministro Lee Hsien Loong, Lee Kuan Yew renunciou em 1990 para ceder o lugar ao seu braço-direito, Goh Chok Tong, e este, por sua vez, a Lee Hsien Loong, em 2004.
O Partido de Ação Popular (PAP), co-fundado por Lee Kuan Yew, venceu todas as eleições desde 1959 e atualmente ocupa 80 dos 87 assentos parlamentares.
Em um livro publicado em 2013, Lee Kuan Yew, marcado pela morte três anos antes de sua esposa, com quem teve três filhos, acreditava que se sentia cada vez mais fraco e desejava uma morte rápida.
