Encontro

Cúpula das Américas encerra ciclo e busca definir imagem comum do continente

Pela primeira vez, todos os chefes de Estado e de Governo dos países americanos compartilharão o mesmo ambiente de debate

Da AFP
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Publicado em 10/04/2015 às 14:19
Foto: ESTUDIOS REVOLUCION / AFP
Pela primeira vez, todos os chefes de Estado e de Governo dos países americanos compartilharão o mesmo ambiente de debate - FOTO: Foto: ESTUDIOS REVOLUCION / AFP
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A Cúpula das Américas que acontece nesta sexta-feira (10) e sábado (11) no Panamá permite finalmente ao organismo de diálogo encerrar um ciclo histórico e definir uma imagem comum, ao reunir pela primeira vez representantes de todos os países do continente.

A histórica incorporação de Cuba ao encontro fecha um ciclo de isolamento político e permite à reunião assumir a representação da visão e das prioridades de todo o continente, sem exceções, depois de meio século.

Pela primeira vez, todos os chefes de Estado e de Governo dos países americanos compartilharão o mesmo ambiente de debate, detalhe que comprova o significado histórico da reunião do Panamá.

A última vez que todos os países do continente estiveram representados, sem exceção, em um único evento foi na Reunião de Consulta dos Chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) na cidade uruguaia de Punta del Este, em janeiro de 1962.

A reunião, no entanto, ganhou fama por ter marcado a exclusão de Cuba da OEA, no primeiro passo para transformar a pequena ilha comunista do Caribe em uma espécie de pária continental.

Em 1975 a OEA liberou os países membros para que tomassem decisões autônomas sobre as relações com Cuba. A anulação da resolução que excluiu o país veio apenas durante uma Assembleia Extraordinária em 2009.

A I Cúpula das Américas, convocada em dezembro de 1994 pelo então presidente americano Bill Clinton, aconteceu perto de Cuba, em Miami, mas na ocasião nenhum líder regional mencionou a cadeira vazia.

Desde a primeira reunião de cúpula continental, há 21 anos, muitas coisas aconteceram e a presença de Cuba havia se tornado um tema constante da agenda para os países da região.

Quando o presidente americano Barack Obama participou em sua primeira Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago em 2009, prometeu o início de uma "nova relação" com a região, um compromisso que não foi recebido com empolgação.

Três anos depois, na Cúpula de Cartagena (Colômbia), a cadeira vazia de Cuba se mostrou um tema inevitável, assim como a necessidade de uma discussão franca.

Em janeiro de 2014 a região enviou uma mensagem inequívoca: todos os líderes da América Latina e do Caribe compareceram a Havana para uma reunião da Comunidade dos Estados da América Latina e Caribe (CELAC), assim como o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Em dezembro do ano passado, Obama e o líder cubano Raúl Castro surpreenderam o mundo ao anunciar o início de um esforço para restabelecer as relações diplomáticas, abrindo assim o caminho para a reunião histórica no Panamá.

Assim, se a exclusão de Cuba da OEA em Punta del Este em 1962 foi a mais sólida expressão política da Guerra Fria no continente, a Cúpula das Américas no Panamá tem todos os elementos para representar o sepultamento do ciclo.

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