Negociação

Washington e Teerã prudentes quanto a acordo nuclear

Negociações entre as potências e o país islâmico devem continuar

Da AFP
Cadastrado por
Da AFP
Publicado em 09/07/2015 às 17:20
Foto: BRENDAN SMIALOWSKI / POOL / AFP
Negociações entre as potências e o país islâmico devem continuar - FOTO: Foto: BRENDAN SMIALOWSKI / POOL / AFP
Leitura:

Os Estados Unidos, assim como Teerã, não querem se "precipitar" quanto a um acordo sobre o programa nuclear iraniano e as negociações internacionais devem continuar, apesar de o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmar que não permanecerá indefinidamente na mesa de negociações.

"Visto que os trabalhos são altamente técnicos e as questões muito, muito elevadas, não vamos nos precipitar para um acordo", declarou Kerry à imprensa internacional reunida em frente ao palácio Coburg, em Viena, onde ocorrem as negociações.

Quase simultaneamente, o seu colega iraniano, Mohammad Javad Zarif, escreveu em seu Twitter que "nós trabalhamos duro, mas sem precipitação. Não podemos trocar de cavalo no meio do páreo".

Quando questionado sobre a duração de sua estadia, o ministro iraniano das Relações Exteriores afirmou que permanecerá em Viena "o tempo necessário" para concluir as negociações nucleares com as grandes potências.

Mas, neste pingue-pongue verbal cuidadosamente orquestrado, Kerry insistiu que os Estados Unidos não permanecerão "na mesa de negociação para sempre".

"Se as decisões difíceis não forem tomadas, estamos totalmente preparados para por um ponto final a este processo", afirmou, acrescentando que as conversações não são indefinidas.

Poucos minutos antes de Kerry falar com a imprensa, o francês Laurent Fabius anunciou que as discussões continuariam durante a noite.

"Há problemas que ainda são difíceis de resolver", declarou Fabius, acrescentando que "as coisas estão no bom caminho".

Se o texto de um acordo não for submetido ao Congresso americano até esta sexta-feira, 10 de julho, às 04h00 GMT (1h00 de Brasília), sua implementação será atrasada em pelo menos dois meses em razão do recesso parlamentar.

Além disso, expira nesta sexta-feira à meia-noite o quadro jurídico das negociações, estabelecido pelo acordo-quadro concluído em novembro de 2013 entre as grandes potências e o Irã.

As medidas previstas no acordo-quadro, que estabelece um congelamento de algumas atividades nucleares iranianas em troca de um levantamento parcial das sanções, já foram estendidas por uma semana e, em seguida, por mais três dias desde o início das negociações em Viena, em 27 de junho.

No entanto, "não devemos nos levantar e sair só porque o relógio soou meia-noite", destacou Kerry, insinuando que as negociações não estão sujeitas a qualquer prazo específico.

Treze dias após a retomada formal das negociações, ainda não há um acordo final, apesar dos progressos realizados.

A comunidade internacional deseja colocar o programa nuclear iraniano sob estreita supervisão, para garantir sua natureza unicamente pacífica, em troca de um levantamento das sanções impostas há uma década.

Os negociadores têm um texto sobre a mesa, compreendendo uma centena de páginas, incluindo cinco anexos técnicos.

Não estão presentes em Viena o chanceler russo, Sergei Lavrov, e o chinês, Wang Yi, ambos presentes em Ufa, na Rússia, para a cúpula dos BRICS.

Também participa da reunião dos BRICS o presidente iraniano, Hassan Rohani, que, durante uma coletiva de imprensa com Vladimir Putin agradeceu Moscou "por seus esforços para fazer avançar as negociações".

Moscou tem apoiado as exigências iranianas, principalmente a retirada, "o mais rapidamente possível", do embargo à venda de armas ao Irã, um dos pontos de tensão das negociações.

Teerã pede o levantamento das restrições sobre as armas e seu programa de mísseis balísticos. Trata-se de uma das medidas de uma série de sanções adotadas desde 2006 pelo Conselho de Segurança da ONU, mas o Irã alega que o embargo não tem nada a ver com a questão nuclear.

Os ocidentais, embora concordem que cada país tem o direito de ter um programa militar convencional, consideram que o levantamento do embargo de armas não pode ocorrer neste momento, em razão do contexto regional conflituoso.

Últimas notícias