Em um breve discurso, a rainha Elizabeth II afirmou nesta quarta-feira (9) que nunca aspirou chegar ao dia de hoje em que bate o recorde de permanência de um monarca na Coroa britânica.
"Inevitavelmente, uma vida longa passa por muitos marcos, e a minha não é exceção", afirmou, durante evento de inauguração de uma linha de trem na Escócia.
"Somos muito gratos pela recepção calorosa nessa ocasião. Muitos, incluindo você, primeira-ministra (da Escócia, Nicola Sturgeon), deram um outro significado ao dia de hoje, embora seja algo que eu nunca tenha aspirado", ressaltou a rainha, agradecendo ainda todas as mensagens recebidas.
Quando o relógio do Big Ben, em Londres, passar das 17h30 (13h30, horário de Brasília), Elizabeth II se tornará a monarca com mais tempo de trono na história da Coroa: 63 anos e 217 dias, superando a tataravó Vitória (1819-1901).
Ao contrário do jubileu de diamante, em 2012, a rainha optou por não realizar uma celebração oficial pelo recorde.
Em tempos de austeridade fiscal do governo, a família real tenta demonstrar sintonia com o aperto no bolso dos súditos. Mesmo assim, exibições e celebrações paralelas têm lembrado a marca pelo Reino Unido.
A presença na inauguração de uma linha de trem teria sido uma escolha para mostrar que mantém suas atividades de dever ao povo.
No cálculo do Palácio de Buckingham, Vitória foi rainha por 23.226 dias, 16 horas e 23 minutos. A conta é feita a partir do dia da morte do monarca anterior e não da data de coroação.
Elizabeth II assumiu em 6 de fevereiro de 1952, após a morte do pai George VI, mas recebeu a coroa em 2 junho do ano seguinte.
Ela atinge a marca com a popularidade em alta, sem sinais de que abdicará para o filho Charles, e com monarquia blindada de qualquer risco de ser abolida.
Para o doutor Matthew Glencross, especialista do King´s College de Londres em história da monarquia britânica, o principal desafio de Elizabeth 2ª foi manter a Coroa representativa, como sinônimo de estabilidade política, apesar de transformações no mundo desde 1952.
"Ela viu de tudo: uma guerra mundial, um governo de coalizão, a criação do mercado comum europeu. Isso mostra que a monarquia ainda pode funcionar no século 21 como uma instituição relevante, apesar das mudanças", diz.
Ele avalia que o gesto dela de abrir mão de celebrar o recorde tem, essencialmente, uma questão financeira como pano de fundo, para evitar exposição.
