JULGAMENTO

Aos 95 anos, ex-enfermeiro de Auschwitz será julgado na Alemanha

O acusado, identificado como Hubert Z., deve responder por ''cumplicidade'' no extermínio de pelo menos 3.681 judeus

Da AFP
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Da AFP
Publicado em 01/12/2015 às 22:12
Foto: Evan Schneider/ UN (18/11/2013)
O acusado, identificado como Hubert Z., deve responder por ''cumplicidade'' no extermínio de pelo menos 3.681 judeus - FOTO: Foto: Evan Schneider/ UN (18/11/2013)
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Um ex-enfermeiro do campo de concentração nazista de Auschwitz, de 95 anos de idade, foi considerado apto a comparecer a um tribunal, apesar de suas dificuldades motoras e cognitivas - anunciou nesta terça-feira (1º) a justiça alemã, abrindo caminho para um julgamento. 

O acusado, identificado como Hubert Z. segundo a imprensa alemã, deve responder por "cumplicidade" no extermínio de pelo menos 3.681 judeus que foram levados ao emblemático campo de concentração do Holocausto, no final do verão (do hemisfério norte, ndlr) de 1944. 

O tribunal de apelação de Rostock (nordeste da Alemanha), invalidou uma decisão em primeira instância de junho passado, que estimava que Hubert Z. é "totalmente inapto" para ser julgado.

Os magistrados apontam em um comunicado os "transtornos cognitivos" e as "fracas capacidades físicas" do ex-nazista, mas consideram que podem ser compensados com certos acondicionamentos durante a audiência.

Assistido de "três defensores", o idoso poderá se beneficiar de "pausas, interrupções, atenção médica", assim como da repetição das perguntas do tribunal e a solicitação de explicações, detalha o comunicado. 

Uma data para a audiência ainda não foi marcada e vários outros processos similares, inclusive mais adiantados, fracassaram nestes últimos anos por conta do estado de saúde dos suspeitos. 

Segundo a promotoria, a acusação se refere a 14 comboios de deportados que chegaram a Auschwitz entre 15 de agosto e 14 de setembro de 1944, provenientes de Lyon, Rodas, Trieste, Mauthausen, Viena e Westerbork.

Neste trem, o último comboio que partiu desde este campo de trânsito em território holandês, se encontravam Anne Frank, seus pais Otto e Edith, e sua irmã mais velha, Margot, lembra a promotoria. 

Uma dúzia de investigações continuam em curso na Alemanha contra ex-membros da SS, alguns meses após a condenação a quatro anos de prisão de Oskar Gröning, ex-contador de Auschwitz.

Estes julgamentos tardios ilustram a vontade da Alemanha de julgar "até o último" dos criminosos do III Reich - sinal de retratação por um passado de condenações leves e incoerentes com a grave natureza dos crimes. 

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