INVESTIGAÇÃO

França e ONU negam impunidade em casos de abuso sexual

Hollande disse que, se confirmadas, as acusações "mancharão a honra da França"

Da AFP
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Publicado em 01/04/2016 às 18:05
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Hollande disse que, se confirmadas, as acusações "mancharão a honra da França" - FOTO: Foto: AFP
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O presidente francês, François Hollande, e o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, negaram que os soldados franceses e os capacetes azuis da ONU, acusados de abuso sexual na República Centro-africana, ficarão impunes.

"Frente às novas acusações de abusos sexuais supostamente cometidos por soldados da Minusca (Força da ONU para a República Centro-africana) e da força francesa Sangaris, o presidente e o secretário-geral da ONU expressaram a mesma vontade de buscar a verdade e rejeitam a impunidade", afirmou a presidência francesa em um comunicado.

Hollande, que se reuniu com Ban em Washington à margem da cúpula de segurança nuclear, disse que, se confirmadas as denúncias, essas acusações "mancharão a honra da França".

Na véspera, Ban Ki-moon declarou-se abalado com as acusações de abuso sexual.

"Devemos enfrentar o fato de que alguns soldados enviados para proteger as pessoas atuaram, em compensação, com propósitos obscuros", afirmou Stephane Dujarric.

A França também manifestou sua disposição de "esclarecer completamente" as acusações.

Na quarta-feira, as autoridades francesas foram informadas de que a ONU recebeu denúncias sobre soldados franceses da força Sangaris que teriam forçado meninas a realizar atos sexuais com animais em troca de dinheiro.

Os casos denunciados sobre violências sexuais teriam ocorrido entre 2013 e 2015 na prefeitura de Kemo, nordeste de Bangui. Uma equipe da ONU foi enviada ao local para entrevistar as 108 vítimas, menores em sua maioria, e reunir informações para a investigação.

Segundo a ONG AIDS-Free World, três meninas denunciaram em 2014 que um militar da missão francesas tirou a roupa delas, obrigou-as a fazer sexo com um cachorro e, depois, deu-lhes dinheiro.

Além da França, centenas de denúncias dizem respeito a tropas do Burundi e do Gabão que integram a Missão da ONU na República Centro-Africana (Minusca) presentes na região de Kemo entre 2013 e 2015.

A França enviou sua força Sangaris para intervir na África Central em dezembro de 2013 para deter as matanças entre comunidades. Esses soldados não são parte das forças de paz, mas o Conselho de Segurança encomendou a essas tropas que ajudassem a restaurar a paz.

Depois de mobilizar até 2.500 soldados no auge da violência, a França conta com cerca de 900 homens nessa República. A Minusca tem cerca de 12.600 militares e policiais.

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, Zeid Ra'ad Al Hussein, disse ter abordado as últimas acusações "algumas das quais são particularmente odiosas, muito sérias".

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